Colocado por: N Miguel OliveiraO que não posso comparar é ser licenciado/mestre/doutor agora, ou sou um de muitos fregueses da minha aldeia, com sê-lo em 1970 ou 90, onde era o único num raio de 4 ou 5 freguesias... "Em terra de cegos, quem tem olho é rei."Nem eu estava a dizer para o fazer.
Colocado por: N Miguel OliveiraE apesar de tudo, eram a classe média da minha terra naquela altura.Mas era classe média do país?
Colocado por: SaraivaPTBom, o meu avô nasceu em 1934 e era mais ou menos iletrado, com o 4º ano de escolaridade.
Casou com 20 e poucos, construiu uma moradia T3 num terreno independente, doado pelos pais, com a mesma idade, sendo o único membro do agregado familiar que trabalhava, neste caso enquanto operário fabril. Passados poucos anos, já tinha 3 filhas.
Viveu uma vida simpática, conseguiu passar férias todos os anos com a família, e sem falar em casa modernices da época: gira discos, rádio, comprou televisão quando apareceram, durante a vida foi sempre trocando de carro à medida da evolução do mercado, etc.
Para além das férias, os jantares de convívio com os amigos e os passeios em família, com programas ao fim de semana, eram uma constante.
Pagou o casamento a cada uma das filhas, bem como o típico enxoval com "tudo quanto era bom". Ajudou as filhas na compra do primeiro carro, também doou terrenos e ajudou na construção das suas casas.
Tudo, com base em apenas 1 salário, de um operário fabril.
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O meu pai, ainda solteiro, com 20 e poucos comprou sozinho um apartamento, acabado de construir. Na altura, também já tinha um Renault 5, comprado novo.
Tinha o 7º ano. O mesmo nível de escolaridade da minha mãe, que conheceu aos 24, altura em que já ambos trabalhavam.
Sendo ambos operários fabris, pouco tempo depois tiveram um filho (eu). Trocaram de carro para um maior (Peugeot 405).
Não tardou até construírem a sua casa. Um pequeno T3 com 225m2. Nesta altura, pese embora tivessem ajuda do meu avô materno, já recorreram a financiamento bancário.
Continuaram a sua vida, com as férias habituais, troca de carro recorrente, aquisição de tecnologias que foram surgindo. Pelo meio, durante os anos 90, ainda chegaram a ter uma casa de férias no Algarve.
Viveram sem grandes dificuldades até à grande crise financeira de 2010.
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Agora vamos a mim.
Eu, tenho duas licenciaturas, que embora não sejam em Engenharia Informática, também não são em Sociologia ou Relações Internacionais. Tenho uma posição de relativo relevo numa empresa, mas ainda sim, vejo-me aos 33 anos sem condições para:
- Construir a casa que o meu avô construiu com 20 anos (ficava feliz com um T1, sem ter de me endividar até aos 70 anos!);
- Comprar o apartamento que o meu pai comprou sozinho com 20 e poucos anos;
- Construir o palacete que o meu pai construiu ainda nos 20s;
- Ter filhos (nem digo 3, como o meu avô);
- Comprar um carro novo (nem digo trocá-lo regularmente);
- Ter TEMPO e dinheiro para as férias que o meu avô fazia (nem vou aqui comentar a casa no Algarve que o meu pai comprou);
- E no fundo, para apreciar a vida de uma forma equivalente há que as duas gerações que me antecederam fizeram.
Mas, em abono da verdade, sim...tenho alguma tecnologia. Um computador, uma televisão, um serviço de Internet e Televisão, bem como uma Playstation.
Foi nestas modernices que não haviam antigamente que gastei o dinheiro que o meu avô e pai utilizaram para tudo o resto...
E ainda bem que não tenho um Iphone!
Colocado por: AMG1no entender dele você para alem de ter uma vida adulta pior do que o seu pai e avô também vai ter uma velhice pior.E se o sistema de pensões se mantiver tal como está é mentira? Considerando vidas contributiva semelhantes (descontar sobre 100% do ordenado durante os mesmos anos).
Colocado por: N Miguel OliveiraPor um lado você quer toda a gente formada mesmo que tenham que emigrar tal é a quantidade de peixe... por outro não aceita que se procure trabalhar para um "aquário" maior. Afinal você quer o quê mesmo?Olhe por exemplo a Alemanha também tem um aquário com muitos peixes e onde todos conseguem andar bem gordinhos. No nosso aquário temos uns peixes obesos que conseguem comer a comida toda e outros peixes esqueléticos.
Colocado por: HAL_9000E se o sistema de pensões se mantiver tal como está é mentira? Considerando vidas contributiva semelhantes (descontar sobre 100% do ordenado durante os mesmos anos).
Por acaso acho que li a mesma entrevista. Jorge Bravo?
Colocado por: AMG1
Resposta simples, que não significa necessariamente errada:
O seu pai vendeu o trabalho dele mais barato do que o pai dele, tal como você esta a vender o seu mais barato do que o seu pai vendia o dele e se nada mudar os seus filhos vão vender o deles ainda mais barato, até chegar ao ponto em que já nao resta nada a nao ser o suficiente para reproduzir a forca de trabalho.
Sem grande contextualização eu diria que em relação so seu avô, que em 1940 já tinha a quarta classe, embora operario, seguramente que seria dos mais letrados, o que significa acesso a trabalho mais complexo e logo mais bem pago.
De qualquer modo repare, que entre você e o seu avô, do ponto de vista das qualificações o salto foi enorme, agora conseguir traduzir isso numa vida melhor do que a do seu avô, depende sobretudo de si, porque à partida, até está melhor preparado.
Com isto não estou a dizer que você não se esforça por isso, mas se as condições envolventes não ajudam, o caminho e mais esforço nem que seja para as procurar mudar essas condições.
Isto saiu tudo assim um bocado a cheirar w marximo de "trazer por casa", mas é que acabei de ler uma entrevista dum prof da UN sobre o sistema de pensões e fiquei virado do avesso com tante sonsisse junta.
A conversa deste asno ou espertalhão, nem sei o que lhe chame, até ajuda a compor a sua história, no entender dele você para alem de ter uma vida adulta pior do que o seu pai e avô também vai ter uma velhice pior.
Colocado por: argoEuribor - até quanto pode subir?
5%, limpinho.
Colocado por: nunomp
Se não gostou do artigo do "espertalhão", aconselho-o a ler a publicação do INE, disponibilizada hoje (15 Jun), sobre a população portuguesa. Acho que vai gostar e, melhor, poderá dar a sua opinião sobre os factos, e não opiniões avulsas, dali emanados.
Colocado por: HAL_9000Olhe por exemplo a Alemanha também tem um aquário com muitos peixes e onde todos conseguem andar bem gordinhos. No nosso aquário temos uns peixes obesos que conseguem comer a comida toda e outros peixes esqueléticos.
O que é que eu quero? Um aquário igual ao Alemão.
Não me parece que eles por lá tenham de "procurar um aquário maior" até nos vêem é cá roubar peixes.
Colocado por: HAL_9000Mas era classe média do país?
Na sua terra acredito que sim. Geralmente nas pequenas aldeias eram todos pobres, por isso a questão das classes quase nem se colocava.
Colocado por: AMG1pois mas se a evolução dos salarios desses activos compensar a redução, nao antevejo qualquer impacto. Dito de outro modo, porque é que a solução tera de ser a redução das pensoes dos futuros pensionistas e nao o aumento dos seus salarios ainda enquanto activos?Porque estamos em Portugal, e estamos há umas duas páginas a discutir precisamente isso, os salários dos jovens são cada vez menores, em termos reais, quando comparados com os da geração anterior.
Colocado por: N Miguel OliveiraInteressa é comparar com a sociedade onde está, se uma casa custasse 5x mais em Lisboa, que raio interessava isso? Agora é igual.por isso é que lhe perguntei se eram classe média para essa altura. Pela descrição que fez dos seus pais, eu diria que não eram. Mas lá está tb não tenho dados para o afirmar. De qualquer maneira os seus pais ainda viveram muito tempo em ditadura, por isso não me admiro nada que essa miséria fosse algo generalizada.
Colocado por: argo
Certinho direitinho.
Colocado por: RuipsmFinalmente tema Euribor...Diverge-se do tema, porque na verdade não há muito para dizer.
Colocado por: pcspinheiroA notícia que um queria ver é "salários aumentam 5% para acompanhar inflação".Então e a espiral inflaccionista? Está parvo.