Colocado por: Piafinho
Imaginemos o seguinte, eu decidi comprar um carro por 20.000 euros e um familiar meu emprestou-me o dinheiro com a condição de eu lhe pagar em 5 anos.
Ao fim de 3 anos eu apenas lhe paguei 5 mil. O carro, naturalmente teve uma desvalorização e agora só vale 10.000 euros.
Como não tenho dinheiro para pagar o resto decido vender o carro. Mas só arranjo quem me de 7.000 porque nesta altura ninguém quer comprar o carro.
Ora, tendo eu pago 5.000 mais os 7.000 que recebi da venda paguei 12.000 euros.
Será que o meu familiar deve ficar a arder com os 8.000 euros porque agora o carro já não vale o que valia no inicio?
Afinal ele é que foi burro e me emprestou o dinheiro sem garantir que eu lhe ia conseguir pagar.
Ainda não consultei mas acho estranhas essas decisões. O mútuo de hipoteca é apenas uma garantia real sobre uma dívida existente. Não deveria ser interpretado no sentido de ser uma garantia exclusiva.
Uma hipoteca não garante nem pretende garantir que a qualquer altura o bem hipotecado satisfaça a totalidade do valor em dívida mas sim que o dono está impedido do transacionar enquanto não liquidar a dívida em causa.
O exemplo em automóveis é óbvio. Ao fim de um ano o carro costuma valer bastante menos do que aquilo que ainda se deve ao banco.
E tal situação sempre existiu. Não é nova.
O que é novo é agora tal situação se verificar recorrentemente em imóveis.
Mas, quer no automóvel que no imóvel efectivamente a pessoa recebeu X euros como empréstimo. Não recebeu uma carro ou uma casa.
Do ponto de vista de consumidor final acho interessante que se caminhe no sentido dessa decisão de forma a não prejudicar as pessoas mas tenho serias dúvidas do respeito da constituição em tais acordãos.
Colocado por: FD
É financeiramente mais capaz ou não? Esse facto pode toldar a nossa perspectiva...
Colocado por: Rui A. B.Está-me a perguntar se eu sou financeiramente mais capaz?
Colocado por: FDQuando os tribunais da relação julgarem logo se sabe como é que as coisas vão correr daqui para a frente... mas, se por acaso os bancos perderem, as coisas vão ficar muito complicadas - comecem a comprar casas para arrendar, vai começar a render.
Sim mas, em jeito de retórica.
Colocado por: Rui A. B.
Não se pode comparar a situação do carro ao de uma casa. São bens completamente distintos e com desvalorizações muito díspares.
Mas olhe que não sou o único a pensar assim, senão veja:
Os bancos não podem manter uma dívida remanescente sobre um crédito à habitação que entre em incumprimento e cujos clientes entreguem a casa ao banco para liquidar o empréstimo. Ou seja, a entrega do bem liquida a dívida.
Este é o entendimento de sete decisões judiciais, de primeira instância, proferidas por tribunais portugueses – quatro na Madeira e três no Continente –, que deram razão aos clientes bancários, contra a prática dos bancos.
Apesar destas decisões não constituírem jurisprudência e de os bancos em causa terem recorrido da sentença, tratam-se de situações inéditas em Portugal, numa altura em que muitos portugueses em dificuldades estão a ser confrontados com a manutenção de uma dívida ao banco, mesmo depois de entregarem a sua casa em dação, resultante da diferença entre o valor da casa à data da entrega e o crédito ainda em dívida.
Como confirmou a Deco - Associação de Defesa do Consumidor, a maioria do casos de pedidos de auxílio de pessoas que entram em incumprimento e já entregaram a casa ao banco mantém essa dívida remanescente.
O procedimento é o seguinte. Uma família, perante a dificuldade em pagar o seu crédito à habitação, acorda a entrega da sua casa ao banco, com vista a liquidar o montante de crédito ainda em dívida. Ao receber o imóvel, o banco reavalia-o, atribuindo-lhe normalmente um valor inferior ao da primeira avaliação, obrigando o cliente a manter uma dívida, correspondente à diferença. Se a casa foi inicialmente avaliada por 100 mil euros, tendo o cliente solicitado um empréstimo do mesmo valor, se num segundo apuramento do seu valor o banco concluir que a mesma casa já só vale 80 mil euros, o banco leva o cliente a manter o pagamento de um crédito, no valor de 20 mil euros.
Fonte: Dinheiro Vivo
Colocado por: Rui A. B.Ou seja, o senhor tem um imóvel que foi avaliado por 200 000€ na data da compra. O banco financiou-lhe 80% do valor, 160 000€ portanto, por algum motivo perdeu o emprego e entrou em incumprimento com a entidade bancária. A mesma entidade bancária coloca a sua casa em hasta pública e vende-a por 120 000€. O senhor deve ao banco 40 000€ menos as amortizações feitas até à data e mais os 40 000€ que deu de entrada para o imóvel. Acha justo?
Colocado por: Rui A. B.Quem está a suportar todo o risco associado à desvalorização imobiliária é o cliente.
Colocado por: Rui A. B.Não se admite de o banco levar um imóvel a leilão e vendê-lo por tuta e meia e ainda obrigar o cliente a pagar o remanescente.
Colocado por: eu
Se estivesse nesta situação, muito antes de entrar em incumprimento tentaria eu próprio vender a casa por um preço mais elevado. Se não conseguisse, e se 120,000 euros é o máximo que se consegue,sim, acho justo.
Ninguém obrigou os clientes a pedir dinheiro aos bancos nas condições em que o fizeram. Cada um é responsável pelos seus actos e pelo cumprimento dos contratos que fez. Se o cliente fez mal as contas e não se precaveu, azar, a culpa étoda dele.
Obviamente! Quando nós compramos algo temos que saber o que estamos a fazer!Discordam deste comentário:M.H.
Colocado por: M.H.discordo pelo simples facto de entender que a instituição bancaria faz de juiz em causa própria.
e a MAIORIA dos clientes faz o "negocio " com o banco numa posição incomparavelmente inferior.
o cliente tem incontornavelmente a faca e o queijo na outra ponta da mesa.
Colocado por: M.H.acho engraçado a sua solução para a dualidade de critérios na hora do azar,crise ,fome.etc.. em q se vai ao banco entregar o imóvel,seja contornar a questão do valor real casa/divida so´com a venda a particular ...pois quem compra vai alimentar a banca e o problema da mesma forma lesiva fazendo disto um circulo vicioso em q quem ganha é sempre o mesmo.
Colocado por: M.H.Comparar a compra de carro á da casa e suas respectivas avaliações ,empréstimos ,juros etc.. para mim não faz sentido.
sao bens distintos até no nome,imóvel/móvel.
Colocado por: Rui A. B.Os bancos não podem manter uma dívida remanescente sobre um crédito à habitação que entre em incumprimento e cujos clientes entreguem a casa ao banco para liquidar o empréstimo. Ou seja, a entrega do bem liquida a dívida.
Colocado por: eu
Até parece que os bancos obrigam os clientes a pedir empréstimos... eu como cliente dos bancos, só assinei contratos de empréstimo depois de ler econcordarcom todas as condições. Ao fazer isso, e como pessoa de palavra e honra, assumi todas as consequências do contrato. Parece que pelos vistos há muita gente que, ou não leu os contratos, ou assinou-os sem pensar no que estava a assinar.
Em caso de azar ou crise, temos que tentar resolver o problema da melhor maneira, que é vender o imóvel pelo melhor preço e saldar a dívida. Se por acaso o valor baixou, é o dono do imóvel que tem que arcar com as consequências, como é óbvio!
Colocado por: Gibae o banco não ter assumido suas responsabilidades outrora viáveis e exequíveis.
Assumiu quando lhe interessava o valor do activo,
quando a coisa deu para o torto esse activo já não vale aquilo que deu origem a transacção, chamo isso de trafulhice
Colocado por: oxelferencontro pessoas a fazer talvez o maior negócio da sua vida sem a mínima preparação para o fazer. Mais preocupante que a falta de preparação será a forma leviana com que o fazem , sem sequer tentar perceber todas as variáveis do negócio.
E depois culpam os bancos...
Colocado por: eu
Exactamente!
Eu vi tantas pessoas com situações financeiras débeis, sem emprego fixo, a comprar imóveis a preços absurdos e a fazer créditos a 40 ou 50 anos... a única coisa que lhes interessava era a prestação mensal, nem sequer verificaram quanto é que iriam pagar no total do empréstimo!
E depois, é chapa ganha chapa gasta. Nem sequer se preocupam em criar uma poupança para gerir um eventual desemprego ou outra situação inesperada.
Claro que ao mínimo imprevisto ficam sem conseguir pagar a casa. E depois culpam os bancos...
Colocado por: j cardoso
Que durante anos "assediaram" os consumidores com empréstimos substancialmente superiores ao custo das habitações - era para a mobília, era para o carro - sabendo que a taxa de esforço seria incomportável à mínima alteração das taxas de juro. Assisti a muitos casos em que a única preocupação do banco parecia ser a de colaborar para que o promotor vendesse para que o banco pudesse "fraccionar" essa dívida entre os vários empréstimos para compra de habitação. Os bancos têm uma grande cota de responsabilidade na questão, isto para não ir mais longe, aí teria de falar na promiscuidade entre bancos - ou, pelo menos, entre gerentes de agências bancárias - e os promotores e especuladores imobiliários.