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    • Flica
    • 23 fevereiro 2016

     # 141

    Os tais gostos que se discutem mas podem ser tão diferentes, eu adoro Picasso em todas as suas fases, mesmo as mais loucas. Adoro pintura talvez ainda mais do que literatura embora sem esta tb não possa passar.
    •  
      CMartin
    • 23 fevereiro 2016 editado

     # 142

    Casa e lar: a essência da arquitetura
    Jorge Marão Carnielo Miguel


    Cabanas, domus, castelos, villas, palazzos, são denominações históricas do espaço unifamiliar. São representativas da arquitetura mais elementar, mais próxima e utilizável pelo ser humano, considerada a sua real terceira pele, logo após a epiderme e a roupa que o protege do meio ambiente onde vive. Entretanto, haverá uma palavra que, independente das classes sociais, sintetizará toda noção de habitação privada: a casa.

    Primitivamente, o conceito casa surge durante o Império Romano como sinônimo de cabana, tugúrio, choupana, de característica rural, como antagonismo ao termo domus que indicava a habitação urbana. Domus nos deu domicílio. De domus originou-se dominius, “senhor”, porque o amo da casa era o senhor.

    A progressiva degradação das condições de vida, o refreamento das atividades econômicas, os periódicos flagelos das guerras e das pestes durante a Idade Média, reduziram as domus de pedra e mármore, até quase extingui-las por completo, multiplicando-se as casae de madeira e barro. Até o século X, e mesmo depois, as únicas construções em alvenaria foram os castelos e as igrejas. Na cidade, a igreja distinguia-se por suas dimensões soberbas e pela estrutura firme, merecendo o nome de domus, a casa do Senhor, tendo ao seu redor uma extensão miserável de casae. Desde então, chamou-se duomo (domo), domus, a morada de Deus e casa a morada humana.

    Até o presente momento não apresentamos a palavra lar como definidora do espaço privado, pois se confunde, freqüentemente, o uso das palavras casa e lar, chegando às vezes a uma total sinonímia. No entanto, existem pontos relevantes que distinguem ambos os termos.

    Temos, hoje, o conceito casa como um edifício ou parte dele destinado à habitação humana. Estar destinado representa aqui um objeto construído à espera de um uso familiar em que as relações do plano físico e a troca emotiva de seus moradores, possam fazer da casa um lar. “Uma interrogante que aguarda uma resposta” como diria Eduardo Sacriste. Assim a casa apresenta-se como um espaço/forma que busca estar adequada e ser resposta correta ao modo de vida de seus moradores e às características climáticas da paisagem onde se instala. A casa possui sempre um valor econômico a partir de fatores variáveis como a sua localização, a qualidade dos materiais empregados, a sua própria estética e os espaços propostos.

    A unidade casa é resultante de um complexo processo no qual confluem fatores sociais, econômicos e técnicos determinantes de sua conformação e também de suas mudanças. Não somente os costumes e modos de vida dos povos orientam a configuração e transformação da casa humana. Desde outros níveis e vertentes, menos diretos porém de incidência igualmente sensível, a casa registra as alterações históricas e sociais, as inovações técnicas, e logicamente a situação econômica e o grau de desenvolvimento alcançado nesse aspecto por um estado ou região.

    A configuração casa representa um invólucro delimitador entre o público e o privado, pois nos leva a um interior, representando a necessidade de estarmos situados. Adverte-se assim que a casa relaciona-se intimamente com o homem, pois sua configuração é dependente da situação e do modo de vida de seu habitante e quando este lhe infunde seu hálito vital e a transforma em algo próprio e pessoal, ela pode assumir uma dimensão simbólica.

    “A casa segue sendo o lugar central da existência humana, o sítio onde a criança aprende a compreender sua existência no mundo e o lugar de onde o homem parte e regressa” , revelando, de diversas maneiras, as formas de viver da pessoa ou grupo familiar que embaixo de um teto instalou sua morada permanente.
    “Nossas vidas estão inevitavelmente ligadas à casa. O fervor mais antigo de nossas primeiras vivenda, as imagens recônditas da infância têm eco em seus muros, às vezes com tênue resplendor de uma irrecuperável felicidade, outras com a nostalgia do que já não existe ou o frio desapego por ingratas evocações, já que ela é o cenário do drama cotidiano da vida” .

    Eis aqui o princípio e a própria essência da casa. Sempre vista como refúgio familiar, abrigo de homens e mulheres, pais e filhos, patrões e empregados, família e indivíduo, a casa pode ser vista como um microcosmo privado sempre em confronto com um setor público, seja ele uma aldeia ou metrópole. A casa necessita de paredes e cercas para imaginar-se uma existência não ameaçada. É ela quem dá ao homem seu sítio sobre a terra. A casa é, simbolicamente, um castelo, uma fortaleza, um lugar de defesa contra as agressões externas como um local de descanso e prazer. Assim, a casa é um objeto construído que pode ser vendido ou alugado. Um objeto inerte, não estabelecendo valores de uso, convivência e entrosamento familiar. Projeta-se a casa, constrói-se a casa. Os seus moradores podem fazer dela um lar.

    A palavra lar é uma corruptela de lareira. A lareira primitiva que faz do seu fogo o elemento inseparável da cabana rústica. O fogo que reúne ao seu redor todos os integrantes de um laço familiar, sendo, de um modo figurativo, um manto que aquece e une a todos num mesmo instante. A identificação do fogo está presente nas cabanas rústicas como o elemento mais semelhante à vida. O fogo cresce, move-se, aquece, destrói e é quente, uma das qualidades fundamentais associada à vida humana. Quando o fogo se extingue, suas cinzas tornam-se frias, do mesmo modo que esfria o corpo de um ser quando morre. Há um paralelismo entre o conceito da alma que anima o corpo físico e o fogo, o espírito que anima o corpo da casa, como podemos perceber nesta definição de Ricardo Severo:

    “Para agasalhar o primeiro lar, o rústico altar do fogo sagrado – que foi a mais poderosa divindade dos primitivos cultos – edificou o homem a primeira casa, a um tempo habitação e templo” .

    O fogo – representado por Héstia, a deusa grega do lar – associa-se à casa para representar a criação de um lar, que através de sua chama traspassa a imagem da fertilidade e metáfora da vida. O fogo representa a alma da casa, sendo um símbolo da fertilidade feminina e da vida, chama sagrada e benéfica. É no fogo que está o âmago da visão orgânica de Wright como nos lembra Luis Fernandez Galiano , onde a utilização do fogo passa a ser mais simbólica que funcional. Nas Prairie Houses podemos notar o papel protagonista que nelas desempenham as lareiras, foco em torno do qual se desenvolve o espaço arquitetônico e a vida de seus moradores e as chaminés que apelam a uma tradição primitiva que faz do fogo a alma e o símbolo do lar.

    O lar é uma condição complexa que integra memórias, imagens, passado e presente, sendo um complexo de ritos pessoais e rotinas quotidianas que constitui o reflexo de seus habitantes, aí incluídos seus sonhos, esperanças e dramas

    Ao entendermos a casa como a terceira pele individual, o lar é a pele coletiva, a que integra, protege e une todos os integrantes do ramo familiar ao redor de um foco centralizado, o focus, o fogo ardente, símbolo espiritual da união e da integração.


    Para Vitruvio a essência da arquitetura está associada à cabana que protege o fogo, que mantém o fogo que aquece a família. A primeira habitação, a primeira casa seria resultado do fogo protegido. O fogo físico aquece e integra, a família é a resultante deste aquecimento. As palavras “lar” e “mãe” estão para Lewis Munford associadas em todas as fases da agricultura neolítica, sendo elas a base familiar, “foi a mulher que fabricou os primeiros recipientes, teceu cestas e deu forma aos primeiros vasos de barro. Na forma, o lar é criação sua...era o lar o ninho coletivo para o cuidado e nutrição dos filhos” .

    A casa seria então uma edificação recém-construída, vazia, com seus muros imaculados, faltando a ela a vitalidade oriunda de seus futuros habitantes. “Quando projeto uma casa, penso no lar”. Projetar uma casa é antecipar uma distribuição espacial que possibilite um uso adequado, um lar na verdadeira concepção onde está presente o elemento fundamental da formação do caráter e da personalidade, aceitando-se que as recordações recônditas da vida em família prenda-se ao ambiente em que se vive. Pormenores como o jardim, o quarto de dormir, a bicicleta, os vizinhos e muitas outras imagens ficam gravados na mente de todo ser humano.

    A casa é o objeto construído, possui valor econômico, é o abrigo, o invólucro protetor, é a parte integrante do sítio onde se integra. O lar, por sua vez, é a vivência familiar dentro da casa, o aquecimento ou a frialdade; o ruído ou o silêncio, a calma ou a tempestade emotiva, o equilíbrio ou a desarmonia, o clima espiritual que ecoa nos ambientes concretos da casa.

    “Tudo o que a casa almeja é a mirada agradecida do dono, que lhe reconheça a serventia. Quem, senão ela, garante-lhe a intimidade amorosa, a exaltação dos sentidos, o calor que emana das entranhas dos seus tijolos.” Assim, a escritora Nélida Piñon, na crônica “O mistério da casa”, publicada no jornal O Estado de São Paulo, em 11/04/98, reconhece a força e o poder que as paredes exercem na casa, pois ela “impede que o vento despótico disperse os haveres da família. Esconde a miséria, a humilhação diária, a mesa pobre. Abençoa o homem com a fechadura da qual pende, trêmula, a modesta chave. Tranca a porta, não deixa que a cobiça alheia, a intriga malsã dos vizinhos, os arbítrios dos bárbaros, invadam o refúgio que se designa de lar. E tudo que a casa almeja em troca é que a respeitem. Caso seja um dia vendida, jamais a derrubem. Tratem-na, por favor, como a amiga sob cujo teto, à noite, o homem busca o generoso abrigo”.

    Fonte: Arquitextos
    http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/03.029/746
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      CMartin
    • 23 fevereiro 2016 editado

     # 143

    Colocado por: FlicaNão consigo acompanhar todas as conversas, comunico só por smartphone, letras pequenas e mais lento para escrever. Porém, para participar só qd estou em trânsito e não em casa ou escritório

    Não se preocupe com isso Flica! O que se escreve na internet fica na internet para todo o sempre. Daqui a dez anos este tópico estará na internet.
    Isto tudo para dizer, cada coisa a seu tempo..quando há tempo. E como se quiser.
  1.  # 144

    Arquitectura Portuguesa
      arquitectura-portuguesa-2-728 (1).jpg
    • Flica
    • 23 fevereiro 2016

     # 145

    Colocado por: CMartin

    Flica, esperamos concretizar essa intenção, como comunidade do fórum, cada um de nós resultar num todo superior à nossa soma, sim. Eu gostaria de perceber qual é o todo, o maioritário (?) e será um todo satisfatório a todos..Não sei se têm a mesma curiosidade ? Se os restantes também o vêem assim.

    Porque vê alguma solidão na imagem da casa? Prolongue-se um pouco mais..
    Ainda estou no brainstorming e numa das fases que levarão a esse todo que as superará se lá chegarmos, é claro, nem sempre se consegue.



    Ninguém leva a mal.
    • Flica
    • 23 fevereiro 2016

     # 146

    Colocado por: CMartin

    Não se preocupe com isso Flica! O que se escreve na internet fica na internet para todo o sempre. Daqui a dez anos este tópico estará na internet.
    Isto tudo para dizer, cada coisa a seu tempo..quando há tempo.


    Não compreendo, não condiz !
  2.  # 147

    Por favor deixem de sentir necessidade de explicar como passam o vosso tempo. Não faz parte do tópico. Eu não estou particularmente interessada nisso!
    •  
      CMartin
    • 23 fevereiro 2016 editado

     # 148

    Colocado por: Flica

    Não compreendo, não condiz !


    Flica, tem todo o tempo do mundo para opinar no tópico. Exagerei dando por exemplo que o tópico vai estar na internet 10 anos (pelo menos)!
    Não sinta ansiedade. Faça-o com prazer e descontracção. O que fazemos com prazer dá-nos paz.
    • Flica
    • 23 fevereiro 2016

     # 149

    Colocado por: CMartin

    Flica, esperamos concretizar essa intenção, como comunidade do fórum, cada um de nós resultar num todo superior à nossa soma, sim. Eu gostaria de perceber qual é o todo, o maioritário (?) e será um todo satisfatório a todos..Não sei se têm a mesma curiosidade ? Se os restantes também o vêem assim.
    Mas não consigo ler tudo e responder...
    A soma não é das pessoas do forum, sabe disso! Brincou comigo Tem a ver com ideias, e o seu enriquecimento, algumas residentes em teorias que postou e que são verdadeiras. Sei que entende.



    Porque vê alguma solidão na imagem da casa? Prolongue-se um pouco mais..



    Ninguém leva a mal.
    • Flica
    • 23 fevereiro 2016

     # 150

    CMartin
    O seu gosto pela arte reside sobretudo no campo da arquitectura, certo? No começo até pensei que era arquitecta.
  3.  # 151

    Repetindo: (a mitologia grega no conceito de lar)

    O fogo – representado por Héstia, a deusa grega do lar – associa-se à casa para representar a criação de um lar, que através de sua chama traspassa a imagem da fertilidade e metáfora da vida. O fogo representa a alma da casa, sendo um símbolo da fertilidade feminina e da vida, chama sagrada e benéfica. É no fogo que está o âmago da visão orgânica de Wright como nos lembra Luis Fernandez Galiano , onde a utilização do fogo passa a ser mais simbólica que funcional. Nas Prairie Houses podemos notar o papel protagonista que nelas desempenham as lareiras, foco em torno do qual se desenvolve o espaço arquitetônico e a vida de seus moradores e as chaminés que apelam a uma tradição primitiva que faz do fogo a alma e o símbolo do lar.
      os-deuses-gregos-27-728.jpg
  4.  # 152

    Para Vitruvio a essência da arquitetura está associada à cabana que protege o fogo, que mantém o fogo que aquece a família. A primeira habitação, a primeira casa seria resultado do fogo protegido. O fogo físico aquece e integra, a família é a resultante deste aquecimento. As palavras “lar” e “mãe” estão para Lewis Munford associadas em todas as fases da agricultura neolítica, sendo elas a base familiar, “foi a mulher que fabricou os primeiros recipientes, teceu cestas e deu forma aos primeiros vasos de barro. Na forma, o lar é criação sua...era o lar o ninho coletivo para o cuidado e nutrição dos filhos” .>
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      CMartin
    • 23 fevereiro 2016 editado

     # 153

    Mas não consigo ler tudo e responder...
    A soma não é das pessoas do forum, sabe disso! Brincou comigo Tem a ver com ideias, e o seu enriquecimento, algumas residentes em teorias que postou e que são verdadeiras. Sei que entende

    Flica, :o) O enriquecimento através das ideias, residentes em teorias, e mais algumas teorias ou opiniões pessoais, nossas, individuais farão a soma do todo. Sim.
    •  
      CMartin
    • 23 fevereiro 2016 editado

     # 154

    Colocado por: FlicaCMartin
    O seu gosto pela arte reside sobretudo no campo da arquitectura, certo? No começo até pensei que era arquitecta.


    Sim, mas no que é para mim, a arquitectura, em que os edifícios têm vida, não são só tijolo e cimento. São arte, e lar, e vivência e história, e utilização e função, e merecem um respeito e um olhar sobre que não lhes tem sido devidamente dado! Constrói-se com demasiada facilidade!

    Mas também aprecio estética no seu todo (arte, antiguidades, mobiliário, decoração). Não apenas arquitectura.
    Depois associo sempre este meu gosto ao filosófico, à poesia, à literatura, à História (das gentes e dos lugares). Está tudo relacionado, estreitamente, para mim.
    Concordam com este comentário: migjac
    •  
      CMartin
    • 23 fevereiro 2016 editado

     # 155

    Colocado por: Castela
    (...)o conceito de "bom gosto" é algo perigoso, pois o gosto é sobretudo pessoal e depende como bem disse de todo o nosso referencial cultural, da nossa vivência, da nossa história, das nossa trocas sociais.
    ( ...)
    O gosto pessoal é estritamente pessoal e como tal, falar-se de "bom gosto" é falar de algo que não são se pode aferir em termos quantitativos e qualitativos.
    Quão bom é? por exemplo. :)
    Mas isto é mais conversa "académica", pois percebo o que quer dizer com o bom gosto, mas podemos-lhe antes chamar de sensibilidade,


    Colocado por : Flica
    sem dúvida que o processo criativo se dá a partir da percepção, a observação é o despertar da obra de arte sem excluirmos as outras operações mentais como a cognição e a memória que nos vão dar uma percepção " personalizada" digamos assim. Bem como a associação e os elos sensorias absolutamente presentes na obra de arte. Tb nos chamou aqui o Hegel, é claro que a espiritualidade eleva a obra conferindo-lhe o estatuto de arte.


    Não me passou despercebido o comentário sobre o gosto e/ou sensibilidade do Castela. Nem me passou despercebido o de Flica. De tal forma que relaciono aqui um com o outro.

    E ainda, associo ambos os contributos ao segundo post neste tópico (JUÍZO DE GOSTO,
    Estética e Filosofia de Arte, Manuela Morais) em que entre uma leitura toda ela interessante, encontramos o seguinte :
    " o gosto enquanto sentido humano é transposto para o mundo valorativo das obras de arte e da natureza, visto que o ser humano também julga ou saboreia um espectáculo da natureza ou um objecto artístico pelo prazer ou desprazer que em si suscita. O início da utilização da palavra gosto (gustus) não pode ser rigorosamente determinado, contudo considera-se que é por volta dos meados do século XVII, primeiro em Itália e em Espanha, depois em França e em Inglaterra e, mais tardiamente, na Alemanha, que o termo adquire pertinência para designar uma faculdade nova, a capacidade de discernir o belo do feio e de apreender pelo sentimento (aisthêsis) imediato as regras dessa dicotomia. Deste modo, o nascimento da estética como disciplina filosófica enlaça-se à mutação radical do belo em gosto. Consequentemente, com o conceito de gosto, o belo passa a radicar na subjectividade humana que, no limite, se define pelo prazer que proporciona, pelas sensações ou sentimentos que suscita no homem encarnado."
    Tem o mesmo texto maior desenvolvimento mas, para jà, fiquemo-nos por aqui para dar tempo de digerir devidamente tudo isto sem as habituais pressas!
  5.  # 156

    Colocado por: CMartin

    Sim,o gosto e o estético e o belo têm claramente algo de cientifico, de técnico, até na forma como o olhamos e interpretamos. Nem que seja o olhar técnico (acho que inconsciente) de interpretarmos a harmonia de uma casa, duma arquitectura, e ela, por essa razão nos transmitir beleza. Ou o inverso, uma casa sem proporção não nos ser bela, nem saberemos que é por não ter a divina proporção ou o ângulo dourado..

    São os preconceitos de ter medo de utilizar as expressões bom gosto ou mau gosto. Acho que é o sermos correctos que nos instalam essas mordaças..para não se ser rude mais do que o necessário. Evito-o também e sim, confesso, mas aqui no tópico não vou evitar. Quero estar livre! Quero discutir gostos!
    Embora não aprecie de facto Picasso, como exemplo que usou sei ver que a sua arte é magnífica.
    Aprecio Paula Rego por exemplo mas há obras que me causam asco.

    Será que podemos dizer do artista que tem bom gosto ou mau gosto ?
    Ou antes de quem contempla a obra do artista que tem bom gosto ou mau gosto..?

    Não relaciono com o ter-se bom ou mau gosto. A sensibilidade está intrinsecamente ligada ao gosto, sim, mas vejo nos outros por vezes até grande sensibilidade mas falta de gosto. Acha isto possível Castela ? Se calhar pode ajudar no pensamento.
    Será antes ter a ciência ou o técnica e faltar-lhe o gosto, o je ne sais quoi?
    Há ainda outra coisa que vejo cada vez mais, é saber ter gosto mas até determinado ponto. Depois, quando sem rede de segurança, espalhamo-nos ao comprido. Onde está então a tal sensibilidade? Não existe. Existe talvez um gosto adquirido trabalhado mas que é apenas superficial, produto de efeitos de marketing talvez, ou de ouvir falar bem..serão asmodas?


    Colocado por: CMartin

    Sim,o gosto e o estético e o belo têm claramente algo de cientifico, de técnico, até na forma como o olhamos e interpretamos. Nem que seja o olhar técnico (acho que inconsciente) de interpretarmos a harmonia de uma casa, duma arquitectura, e ela, por essa razão nos transmitir beleza. Ou o inverso, uma casa sem proporção não nos ser bela, nem saberemos que é por não ter a divina proporção ou o ângulo dourado..

    São os preconceitos de ter medo de utilizar as expressões bom gosto ou mau gosto. Acho que é o sermos correctos que nos instalam essas mordaças..para não se ser rude mais do que o necessário. Evito-o também e sim, confesso, mas aqui no tópico não vou evitar. Quero estar livre! Quero discutir gostos!
    Embora não aprecie de facto Picasso, como exemplo que usou sei ver que a sua arte é magnífica.
    Aprecio Paula Rego por exemplo mas há obras que me causam asco.

    Será que podemos dizer do artista que tem bom gosto ou mau gosto ?
    Ou antes de quem contempla a obra do artista que tem bom gosto ou mau gosto..?

    Não relaciono com o ter-se bom ou mau gosto. A sensibilidade está intrinsecamente ligada ao gosto, sim, mas vejo nos outros por vezes até grande sensibilidade mas falta de gosto. Acha isto possível Castela ? Se calhar pode ajudar no pensamento.
    Será antes ter a ciência ou o técnica e faltar-lhe o gosto, o je ne sais quoi?
    Há ainda outra coisa que vejo cada vez mais, é saber ter gosto mas até determinado ponto. Depois, quando sem rede de segurança, espalhamo-nos ao comprido. Onde está então a tal sensibilidade? Não existe. Existe talvez um gosto adquirido trabalhado mas que é apenas superficial, produto de efeitos de marketing talvez, ou de ouvir falar bem..serão asmodas?


    O Picasso era um exemplo, pessoalmente aprecio bastante. 

    Quanto à sensibilidade, a acepção da palavra não era exatamente a respeito de uma pessoa que é sensível, muito sentimental, mas mais no sentido de uma aptidão, uma capacidade, mesmo uma tendência natural para apreciar a beleza das coisas, para o dizer de uma forma muito simples.
  6.  # 157

    Colocado por: CMartin



    Não me passou despercebido o comentário sobre o gosto e/ou sensibilidade do Castela. Nem me passou despercebido o de Flica. De tal forma que relaciono aqui um com o outro.

    E ainda, associo ambos os contributos ao segundo post neste tópico (JUÍZO DE GOSTO,
    Estética e Filosofia de Arte, Manuela Morais) em que entre uma leitura toda ela interessante, encontramos o seguinte :
    " o gosto enquanto sentido humano é transposto para o mundo valorativo das obras de arte e da natureza, visto que o ser humano também julga ou saboreia um espectáculo da natureza ou um objecto artístico pelo prazer ou desprazer que em si suscita. O início da utilização da palavra gosto (gustus) não pode ser rigorosamente determinado, contudo considera-se que é por volta dos meados do século XVII, primeiro em Itália e em Espanha, depois em França e em Inglaterra e, mais tardiamente, na Alemanha, que o termo adquire pertinência para designar uma faculdade nova, a capacidade de discernir o belo do feio e de apreender pelo sentimento (aisthêsis) imediato as regras dessa dicotomia. Deste modo, o nascimento da estética como disciplina filosófica enlaça-se à mutação radical do belo em gosto. Consequentemente, com o conceito de gosto, o belo passa a radicar na subjectividade humana que, no limite, se define pelo prazer que proporciona, pelas sensações ou sentimentos que suscita no homem encarnado."
    Tem o mesmo texto maior desenvolvimento mas, para jà, fiquemo-nos por aqui para dar tempo de digerir devidamente tudo isto sem as habituais pressas!


    Há muitos teorias e pensamentos filosóficos em relação a isso, nenhum se pode dizer que é absoluto, filosofia da arte, teoria do belo, teoria do gosto, todas no âmbito da estética, e que são coisas diferentes, igualmente com coisas em comum, para dizer que descendo um pouco ao assunto, que nos afastamos cada vez mais, há de facto um “gosto” visto como uma capacidade que pode ser de alguma forma inata, mas que pode também ser desenvolvida, a ideia de belo vai-se modificando, o nosso “gosto” vai-se alterando ou pode-se ir alterando, com, por exemplo, o contacto e a interação com obras de arte, ou para os mais sensíveis com o termo “obra de arte”, com arte em geral.
  7.  # 158

    Colocado por: Castela
    Quanto à sensibilidade, a acepção da palavra não era exatamente a respeito de uma pessoa que é sensível, muito sentimental, mas mais no sentido de uma aptidão, uma capacidade, mesmo uma tendência natural para apreciar a beleza das coisas, para o dizer de uma forma muito simples.


    Olá Castela, Vai ter que me dar mais crédito, escrevendo isto de outra forma...é uma percepção demasiado simplista para ser vista como sendo minha. Será que é assim que me expresso ? Espero que não! :o)

    Ou então e também pode ser: até é possível que a sensibilidade e a emotividade (uma pessoa muito sensível, muito sentimental) sejam características relacionadas ? Uma pessoa com estas características estará mais susceptível à beleza, à estética ?
    Concordam com este comentário: C.Silva
  8.  # 159

    Não me leve a mal, são as vicissitudes deste meio de comunicação, não há o tom, a expressão, outros referenciais...
    Estas pessoas agradeceram este comentário: CMartin
  9.  # 160

    GMCQ

    vou lendo de relance

    mas também se calhar não é por andarem tão ocupados que não veem ao tópico, mas sim por sentirem que estão a "levar" outra vez com uma dose para cavalo que tiveram na sua formação.
    mas parabens á CMartin é sempre bom ouvir falar( ler) destes temas.
    Estas pessoas agradeceram este comentário: CMartin
 
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