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  1.  # 1

    Colocado por: MBarrinhatropa portuguesa é uma ****, fim da discussão :)

    A tropa portuguesa é a imagem dos portugueses em geral.

    O ordenado não é o problema.
    O problema é como os paizinhos criaram os filhos. Deram tudo sem pedir nada em troca. E não lhes ensinaram o mínimo de regras.
    Portanto quando chegam à recruta julgam que estão noutro mundo e querem logo desistir.

    Enquanto houver subsidios para não fazer nada, a prioridade será não fazer nada.

    Também o poder político a pouco e pouco está a matar a tropa em detrimento das policias. E porque?
    Porque na tropa quem manda é o PR e nas policias o PM.
    • RCF
    • 20 abril 2020

     # 2

    Colocado por: MBarrinha

    Só um dado estatistico, depois dessas mortes, o curso teve ainda mais candidatos.
    de resto, a tropa portuguesa é uma ****, fim da discussão :)

    Tenho ideia de ter visto nas notícias que, a seguir, o número era muito reduzido e que, nesse curso, vários desistiram. Mas, partindo do princípio que é verdade (não possuo esses números), e quanto a candidatos voluntários para as forças armadas, no geral? Concerteza, não aumentou. Essas mortes, podem não ter afastado candidatos ao curso de comandos, mas afastou candidatos às forças armadas.
    • RCF
    • 20 abril 2020

     # 3

    Colocado por: nielsky
    A tropa portuguesa é a imagem dos portugueses em geral.

    Portanto quando chegam à recruta julgam que estão noutro mundo e querem logo desistir.

    Também o poder político a pouco e pouco está a matar a tropa em detrimento das policias. E porque?
    Porque na tropa quem manda é o PR e nas policias o PM.

    A sociedade portuguesa evoluiu. As Polícias evoluíram. A tropa não evoluiu. É está a análise que faço.
    Numa qualquer empresa, minimamente organizada, um trabalhador novo, mesmo entrando para a base da pirâmide, é acolhido é integrado. É-lhe exigido rendimento mas, humana e socialmente é tratado com respeito e como um igual. Na tropa não. Um novo elemento, nem humana nem socialmente, é tratado com o mínimo de dignidade. Um recruta , um soldado, são lixo para sargentos e oficiais. São os “putos”, como até por aqui a eles se referem.
    Os recrutas continuam à mercê dos humores dos instrutores. Continuam a ser, muitas vezes, uns brinquedos para os superiores hierárquicos.
    A um recruta, com a maior das facilidades, são restringidos direitos. Com a maior facilidade e, muitas vezes, apenas por questões de humor, à sexta-feira, um recruta é informado que, afinal, fica de castigo e não vai de fim-de-semana. Sem processo disciplinar e sem direito a defesa, da mesma forma que o fariam há 30 ou 40 anos atrás.
    Na minha opinião, mais do que qualquer outro fator, é este desfasamento, este fosso, entre a sociedade civil e a tropa e, dentro da tropa, entre os vários níveis hierárquicos, que mais contribuiu para afastar a sociedade civil das forças armadas e, por conseguinte, os jovens das forças armadas.
  2.  # 4

    As Forças Armadas em Portugal têm um problema grave - é o passado.
    A quando do golpe militar do 25A e das escaramuças do 25 Nov a hierarquia das FA ficou completamente dividida. Enquanto a base foi desaparecendo com o fim do SMO no topo mudaram de "ramo". Muitos foram para a politica, outros para empresas públicas e outros dedicaram-se a negócios mais rentáveis acumulando com passagens á reserva muito precoces.
    A Força Aérea "transferiu-se" para a TAP e outros negócios aeronáuticos, o Exército ocupava as forças de segurança, enquanto o que restava das FA ficava a guardar os quarteis e as bases sem objetivos visíveis.
    Entretanto iam-se formando alguns militares nas tropas especiais, mas era um bocado frustrante pois era como treinar atletas de alta competição mas que nunca podiam competir.
    Passado uns 20 anos começaram a surgir as missões internacionais e foi um balão de oxigénio. Os tais "atletas de alta competição" continuavam a não "competir" mas já iam aos meetings internacionais com generosos subsídios. E o resto da tropa já tinha uma ocupação - apoiar as tais missões.
    Mas passados quase 50 anos a hierarquia pouco mudou. Como os politicos têm medo das FA porque estão armados também não mexiam muito.
    Assim criou-se uma situação terrível : por um lado os jovens pouca motivação vêm em alistar-se e os politicos também não querem "pagar" por algo que não percebem para que serve e onde não podem mandar nem criar jobs for the boys.

    PS: isto é mera opinião pessoal de um velho que saiu da tropa há 45 anos mas que foi mantendo algum contacto com as FA por razões profissionais e outras. Podem criticar á vontade, mas dispenso os habituais insultos pá (VL dixit)
    Concordam com este comentário: RCF, treker666
  3.  # 5

    Colocado por: RCF
    A sociedade portuguesa evoluiu. As Polícias evoluíram. A tropa não evoluiu. É está a análise que faço.
    Numa qualquer empresa, minimamente organizada, um trabalhador novo, mesmo entrando para a base da pirâmide, é acolhido é integrado. É-lhe exigido rendimento mas, humana e socialmente é tratado com respeito e como um igual. Na tropa não. Um novo elemento, nem humana nem socialmente, é tratado com o mínimo de dignidade. Um recruta , um soldado, são lixo para sargentos e oficiais. São os “putos”, como até por aqui a eles se referem.
    Os recrutas continuam à mercê dos humores dos instrutores. Continuam a ser, muitas vezes, uns brinquedos para os superiores hierárquicos.
    A um recruta, com a maior das facilidades, são restringidos direitos. Com a maior facilidade e, muitas vezes, apenas por questões de humor, à sexta-feira, um recruta é informado que, afinal, fica de castigo e não vai de fim-de-semana. Sem processo disciplinar e sem direito a defesa, da mesma forma que o fariam há 30 ou 40 anos atrás.
    Na minha opinião, mais do que qualquer outro fator, é este desfasamento, este fosso, entre a sociedade civil e a tropa e, dentro da tropa, entre os vários níveis hierárquicos, que mais contribuiu para afastar a sociedade civil das forças armadas e, por conseguinte, os jovens das forças armadas.


    Você fala muito, mas acerta pouco. O que sabe das Forças Armadas para dizer tanto disparate?
  4.  # 6

    Colocado por: nielsky
    A tropa portuguesa é a imagem dos portugueses em geral.

    O ordenado não é o problema.


    Não concordo consigo, o ordenado é o problema sim.
    Você tem um soldado que aufere hoje em dia um ordenado de 630€, está numa unidade em Santa Margarida, quando a residência é em Lisboa. Vai a casa aos fins de semana ou duas em duas semanas. Para quê? Se consegue trabalhar ao pé de casa, a ir a casa todos os dias? Pela experiência? Qual experiência? Limpar casas de banho? Fazer uns exercicios no mato?
    Se houvesse quadros permanentes para praças, já seria outro assunto, agora nestes termos, o vencimento é muito baixo. Tem unidades que ganha 630 é fica o dia sem fazer nada, e tem outras que trabalha que nem um escravo. E às vezes nem é a carga de trabalho, é o tempo de trabalho.

    E sim, é certo que o poder político tem cada vez mais rebaixando a tropa, na minha opinião é um dos problemas da politica de esquerda. A tropa Portuguesa, serve mais para cerimonias e homenagens aos mortos e festejos dos ex-combatentes, do que para o que realmente importa. O dinheiro público que é gasto em vão, é exorbitante.
  5.  # 7

    Eh pahhh....já não vinha a este tópico há tótil!

    Vamos lá ver...

    Colocado por: RCFA sociedade portuguesa evoluiu. As Polícias evoluíram. A tropa não evoluiu. É está a análise que faço.
    Numa qualquer empresa, minimamente organizada, um trabalhador novo, mesmo entrando para a base da pirâmide, é acolhido é integrado. É-lhe exigido rendimento mas, humana e socialmente é tratado com respeito e como um igual. Na tropa não. Um novo elemento, nem humana nem socialmente, é tratado com o mínimo de dignidade. Um recruta , um soldado, são lixo para sargentos e oficiais. São os “putos”, como até por aqui a eles se referem.
    Os recrutas continuam à mercê dos humores dos instrutores. Continuam a ser, muitas vezes, uns brinquedos para os superiores hierárquicos.
    A um recruta, com a maior das facilidades, são restringidos direitos. Com a maior facilidade e, muitas vezes, apenas por questões de humor, à sexta-feira, um recruta é informado que, afinal, fica de castigo e não vai de fim-de-semana. Sem processo disciplinar e sem direito a defesa, da mesma forma que o fariam há 30 ou 40 anos atrás.


    Concordo parcialmente, mas muiiiito parcialmente.

    Na vertente humana:

    A tropa mudou. Muito pouco e a passos de caracol, mas tem vindo a mudar. A nível de comportamentos, só quem conheceu o "antigamente" e sabe como funcionam as coisas hj em dia é que sabe quantas mudanças houveram, e quão profundas são.
    Não passa na cabeça de alguém dar punições que se davam há 15 anos atrás, quando eu entrei. Que dirá punições que davam ao pessoal da época do Ultramar.
    A corrupção e facilitismos que houveram no passado hoje em dia são casos pontuais. Quem não ouviu dizer (ou viu pessoalmente mesmo) casos de militares a levarem géneros/material para casa, a usarem soldados para fazerem obras em casa, etc etc? Hj em dia já é muito, mas muito mais difícil de acontecer isso. E quando acontece a reacção já é muito diferente do que no passado.

    Discordo completamente quando diz que os recrutas são "lixo" para oficiais e sargentos. São tratados duramente? São. Mais ou menos duramente dependendo do local/finalidade da instrução. Mas não são "lixo", como quer fazer soar. Ninguém se esquece que os recrutas que está a treinar hoje são os soldados que vai comandar amanhã.

    Se há instrutores que são autênticos "porcos" e exageram? sem dúvida. Mas em regra geral, as pessoas são tratadas com dignidade. São é levadas a responder por toda e qualquer falha que cometam (e o pessoal, em regra geral, está MUITO, MAS MUITO mal acostumado) o que levam a sofrer punições. O problema é que as gerações atuais não está educada de forma a responder pelo que faz (síndrome do coitadinho/vamos lá dar mais uma chance), e toda e qualquer punição é vista como extrapolação/tratamento não-digno.

    Quer se concorde quer não, na sua essência, as FA existem para combater, e não se treinam soldados, alguns deles com graves problemas comportamentais, meramente com "processos administrativos", como se de uma empresa civil se tratasse.

    Quanto às punições que refere sem justificação...isso dava um post inteiro, mas saiba que, em regra geral, é muito melhor essas ditas "punições à toa", como quer fazer parecer, como uma punição "oficial", como defende.
    Uma punição "oficial" vai para a folha de matrícula do militar. Ora, essa punição há de sempre constar na FM quando esse militar depois quiser concorrer a concurso público. Exemplo mais comum é GNR ou PSP.
    E com o número de candidatos/vagas, ter uma "porrada" na FM é quase certo que essa pessoa nunca mais consegue entrar nessas Instituições depois que sai das fileiras.
    Portanto entre perder um fim-de-semana no quartel depois que faz asneiras ou ter um processo disciplinar em cima que depois pode lhe condicionar o futuro? O pessoal ainda tem 2 dedos de testa e pensa um bocadito nas pessoas e no futuro delas.

    Não seja "virgem ofendida" quanto à forma de tratamento verbal. Quando se fala em "putos", ninguém o faz de forma pejorativa ou como insulto. Apenas para se referir a uma pessoa nova. Quantas pessoas, em conversas informais, não dizem "eh pah, tenho lá um puto novo a trabalhar na fábrica, o gajo é mto bom!" E no entanto ninguém está a faltar ao respeito a ninguém, como quer fazer parecer. E já agora, não, eles não são tratados dessa forma dentro do Quartel. Todo o soldado é tratado pelo último nome, como é apanágio militar.


    A nível material:

    Mais um mudança lenta e a passo de caracol. E é neste ponto que as FA, por terem equipamento completamente ultrapassado/INOP, perde pessoal. A principal arma, até recentemente, era da época do Ultramar. A pistola era motivo de chacota internacional. Os rádios de campanha são autênticas mochilas. As viaturas estão seguras por arames. etc etc etc etc. Há algum material recente que é distribuído às FND's, mas a grande parte das Unidades tem material completamente ultrapassado. Facto!
    E isso afugenta jovens de 18 aninhos que sonham em viver a experiência da tropa moderna que vêm nos filmes.





    Colocado por: CarvaiAs Forças Armadas em Portugal têm um problema grave - é o passado.
    A quando do golpe militar do 25A e das escaramuças do 25 Nov a hierarquia das FA ficou completamente dividida. Enquanto a base foi desaparecendo com o fim do SMO no topo mudaram de "ramo". Muitos foram para a politica, outros para empresas públicas e outros dedicaram-se a negócios mais rentáveis acumulando com passagens á reserva muito precoces.


    Até que enfim concordo com o Carvai em algo XD
    A base desapareceu completamente. Fugiu. Fez POOOF. Neste momento aliás, a base já está prestes a inverter!

    De forma generalista, a FAP funciona muita vezes como mero trampolim (patrocinado pelo estado) para a aviação civil (mas isso está a verificar-se nas Forças Aéreas de todo o mundo, não só cá em 'Tugal.)
    O Exército ocupava as FSS, mas isso já está a acabar. A GNR já tem pessoal da própria GNR perto das posições de chefia e estão perto de "chutar" os Oficiais do Exército para fora. Proteção Civil é uma confusão que mete medo ao medo. Toda a gente a querer mandar/aparecer e muita pouca coordenação/bom senso no emprego de meios.

    Para mim o problema mais grave é que a Chefia não se apercebeu (ou não quis saber...o famoso 'quem venha atrás que feche a porta') das mudanças que ocorriam na sociedade à sua volta e nunca quiseram se adaptar, ou adaptar a Instituição à realidade de hoje. Vendemos a imagem de "Exército Profissional", mas de "profissional" pouco há. O velho lema "a tropa manda desenrascar" ainda é a norma!

    Não se aposta quase em cursos de formação a sério (e não só cursos da caca que dão um pedaço de papel) nem em atualização dos meios.

    E assim se vai levando a coisa. Com pessoas que vão "desenrascando" as coisas, muitas vezes em cima do joelho, porque a estrutura da Instituição não se adaptou às exigências atuais (tanto material quanto humana).

    Ah e tal, está escrito que um Pelotão de Reabastecimento tem, sei lá, 30 pessoas em Quadro Orgânico. E tem este e este e este material. E se calhar em 1970 até tinha! Hoje em dia tem 2 gatos pingados e material velho encostado que não funciona. Mas a missão tem de cumprir!

    Ah e tal, uma Unidade tem 2 escalas de serviço interno, e um QO previsto de, sei lá, 600 pessoas. E se calhar em 1970 até tinha! Hj tem 50 gatos pingados que têm de manter a mesma escala, com uma rotatividade que só permite ao pessoal ver a família de 15 em 15 dias. (se muito)

    Ah e tal, este soldado ganha 600€ mensais, gasta 120€ mensais em transporte para vir trabalhar numa Unidade em cascos de rolha, mais uns 100€ em alimentação porque a comida de tropa é uma ****, mais XXX em fardamento porque as porcarias das fardas não se aguentam. Mas que se lixe! Eles que se aguentem à brava.
    Vamos continuar a manter Unidades abertas às moscas, porque afinal precisamos de atribuir Função de Comando a certos senhores, senão estes não reúnem condições de serem promovidos!


    Colocado por: MBarrinhaNão concordo consigo, o ordenado é o problema sim.
    Você tem um soldado que aufere hoje em dia um ordenado de 630€, está numa unidade em Santa Margarida, quando a residência é em Lisboa. Vai a casa aos fins de semana ou duas em duas semanas. Para quê? Se consegue trabalhar ao pé de casa, a ir a casa todos os dias? Pela experiência? Qual experiência? Limpar casas de banho? Fazer uns exercicios no mato?
    Se houvesse quadros permanentes para praças, já seria outro assunto, agora nestes termos, o vencimento é muito baixo. Tem unidades que ganha 630 é fica o dia sem fazer nada, e tem outras que trabalha que nem um escravo. E às vezes nem é a carga de trabalho, é o tempo de trabalho.


    Nem mais. Eu aconselharia muito pouca gente a vir para a tropa. Há oportunidades? Há! Mas tem de ter a sorte de calhar no sítio/função certo e depois tem de ter cabecinha para aproveitar as oportunidades. Na grande maioria, uma pessoa está melhor a ganhar 600€ no Pingo Doce da terrinha, com horários decentes e é pago se tiver de fazer horas extras. Aqui é "pau pra toda a obra" e se tiver de trabalhar mais XXX horas/dias...olha...azar. Temos pena.
    Concordam com este comentário: RCF, Vitor Costa
    • RCF
    • 20 abril 2020 editado

     # 8

    Colocado por: rjmsilva

    Você fala muito, mas acerta pouco. O que sabe das Forças Armadas para dizer tanto disparate?

    Sei o suficiente para escrever o que escrevi e para o manter, mesmo depois de o designar como disparate, sem fundamentar.
  6.  # 9

    Quanto ao tema do momento, o COVID. Confesso que estou parva com a modus operandi da coisa.

    Todos sabiam que temos pouca formação/meios específicos para lidar com este vírus, mas a forma como as Forças Armadas foram atiradas para canto foi algo chocante. O facto de o Exército entrar ou não em acção ter ficado condicionado, pasma-se, à solicitação das Forças de Segurança foi a cereja no topo do bolo. Ou seja, só entramos em cena se a Polícia nos chamar.

    O pessoal tem estado empregado apenas a transportar material de um lado para o outro, a montar tendas e camas pelo país ou a fazer um ou outra acção de descontaminação de espaços. (sem contar o pessoal de saúde, que tem estado a trabalhar no campo específico, obviamente). Ou seja, só em background.

    Isto vai ser a guerrinha de quintas no seu melhor. Transferiram praticamente toda a autoridade às FSS e estas, obviamente que vão se aproveitar da situação e nunca, mas nunca, mesmo que estejam a precisar, vão solicitar apoio ao Exército.

    (depois acontecem aquelas situações aberrantes, como uma patrulha da PE que, ao fazer uma ação de patrulhamento em missão oficial, em veículo oficial, devidamente fardados e identificados, tenham sido parados e identificados pela PSP por estarem em via públicas armados... *facepalm*)
  7.  # 10

    A atuação da tropa nesta pandemia também tem sido um bocado frouxa. Tal como nos incêndios existe por aí muita descoordenação.
    Não me tinha apercebido da "guerra" FA versus FSS mas já tinha estranhado alguma tentativa de protagonismo como aparecer um Major a liderar uma equipa de desinfeção ou de um Capitão-mar-e-guerra a servir sandes aos sem abrigos tipo Exército de Salvação.
    Uma tentativa de mostrar serviço perfeitamente aceitável mas estranha.
    Já agora aproveito para descrever uma experiência pessoal. No inicio dos anos 90 comecei a frequentar os USA com alguma assiduidade. Na altura apercebi-me ao vivo de algumas coisas que já conhecia dos filmes mas que nunca pensamos serem reais. Entra elas houve 2 que recordo bem :
    - Enquanto na altura em Portugal fugir aos impostos era motivo de glória em conversas de café, os americanos encaravam isso como um criminoso de baixo calibre. Em contrapartida falavam de compra e utilização de armas como nós falava-mos de carros.
    - Apesar dos militares praticamente nunca terem combatido para defender o território nacional (tirando o caso pontual de Peal Harbour) tinham um enorme respeito pelas FA e sobretudo por antigos combatentes. Talvez isso explique o nunca terem tido problemas de recrutamento quase sempre voluntário. Mais do que a questão financeira havia um enorme orgulho de "servir". Conheci militares de dezenas de países e nunca me lembro de um sentimento semelhante.
  8.  # 11

    Colocado por: CarvaiA atuação da tropa nesta pandemia também tem sido um bocado frouxa. Tal como nos incêndios existe por aí muita descoordenação.
    Não me tinha apercebido da "guerra" FA versus FSS mas já tinha estranhado alguma tentativa de protagonismo como aparecer um Major a liderar uma equipa de desinfeção ou de um Capitão-mar-e-guerra a servir sandes aos sem abrigos tipo Exército de Salvação.
    Uma tentativa de mostrar serviço perfeitamente aceitável mas estranha.
    Já agora aproveito para descrever uma experiência pessoal. No inicio dos anos 90 comecei a frequentar os USA com alguma assiduidade. Na altura apercebi-me ao vivo de algumas coisas que já conhecia dos filmes mas que nunca pensamos serem reais. Entra elas houve 2 que recordo bem :
    - Enquanto na altura em Portugal fugir aos impostos era motivo de glória em conversas de café, os americanos encaravam isso como um criminoso de baixo calibre. Em contrapartida falavam de compra e utilização de armas como nós falava-mos de carros.
    - Apesar dos militares praticamente nunca terem combatido para defender o território nacional (tirando o caso pontual de Peal Harbour) tinham um enorme respeito pelas FA e sobretudo por antigos combatentes. Talvez isso explique o nunca terem tido problemas de recrutamento quase sempre voluntário. Mais do que a questão financeira havia um enorme orgulho de "servir". Conheci militares de dezenas de países e nunca me lembro de um sentimento semelhante.


    Isto vai acabar por ser, em ultima instância, uma questão política.
    As FSS ficaram com todas as missões que conferem visibilidade pública. A tropa tem trabalhado, mas em background. Missões que nos podiam ter sido confiadas que dariam alguma visibilidade é para esquecer. No fim, isto vai ser uma guerra de egos/quintas entre Instituições com a polícia a ficar bem aos olhos da população civil porque aparece frequentemente em jornais/artigos, enquanto a tropa vai ficar ainda mais desacreditada do que já está.
    E o escalão superior deixou que isto acontecesse! (incrível). Agora lá vão tentando arrancar uma entrevistazita ou outra, mas o dano já está feito. Pouca visibilidade = fraca opinião pública, que gera maior pressão política e que por sua vez vai se traduzir em menos financiamento/investimento.

    Quanto à forma de tratamento/percepção das FA entre Portugal/USA...bem...
    Quando eu falo aos meus correspondentes habituais a realidade aqui o pessoal custa a acreditar...enfim.
  9.  # 12

    Colocado por: Tyrande(depois acontecem aquelas situações aberrantes, como uma patrulha da PE que, ao fazer uma ação de patrulhamento em missão oficial, em veículo oficial, devidamente fardados e identificados, tenham sido parados e identificados pela PSP por estarem em via públicas armados... *facepalm*)

    É a chamada guerra das pilinhas.
    Concordam com este comentário: Tyrande
  10.  # 13

    Colocado por: RCF
    Essas mortes, podem não ter afastado candidatos ao curso de comandos, mas afastou candidatos às forças armadas.


    Claramente que sim, mas ai está mais uma razão para achar que algo não funciona bem... Nos outros países, no caso dos SEALS entre outros, não há mortes em formação? "instrução dura, combate fácil"
    Atenção, não estou a querer desculpar ou criar qualquer tipo de fuga à justiça. Só acho que as coisas tem de ser apuradas, mas não em praça pública.
    • RCF
    • 20 abril 2020

     # 14

    Colocado por: MBarrinhaClaramente que sim, mas ai está mais uma razão para achar que algo não funciona bem... Nos outros países, no caso dos SEALS entre outros, não há mortes em formação? "instrução dura, combate fácil"

    Há morrer e morrer... mesmo em formação, há muitas formas de morrer... vamos ver qual será a decisão judicial.
    • Carvai
    • 20 abril 2020 editado

     # 15

    A morte em instrução sempre foi um assunto tabu. Lembro-me que quando entrei para tropa antes do 25A, quase não se falava no assunto. Falava-se vagamente nuns recrutas paraquedistas que teriam morrido afogados junto ao Arrepiado, mas apesar de ter ouvido a história de sargentos PQ nunca vi mencionado em nenhum documento. Os excessos tanto na tropa normal por humilhação como na tropa especial por excesso de exigência sempre existiram, mas não me parece que fosse uma normalidade.
    Há uns anos as praxes académicas começaram a ser mais violentas que as da tropa. O caso do Meco não tirou ninguém das faculdades e pouco mudou nas praxes.
    Concordam com este comentário: Tyrande
    • RCF
    • 20 abril 2020

     # 16

    Colocado por: Tyrande
    A tropa mudou. Muito pouco e a passos de caracol, mas tem vindo a mudar. A nível de comportamentos, só quem conheceu o "antigamente" e sabe como funcionam as coisas hj em dia é que sabe quantas mudanças houveram, e quão profundas são.
    Não passa na cabeça de alguém dar punições que se davam há 15 anos atrás, quando eu entrei. Que dirá punições que davam ao pessoal da época do Ultramar.
    A corrupção e facilitismos que houveram no passado hoje em dia são casos pontuais. Quem não ouviu dizer (ou viu pessoalmente mesmo) casos de militares a levarem géneros/material para casa (1), a usarem soldados para fazerem obras em casa, etc etc? Hj em dia já é muito, mas muito mais difícil de acontecer isso. E quando acontece a reacção já é muito diferente do que no passado.

    Discordo completamente quando diz que os recrutas são "lixo" para oficiais e sargentos. São tratados duramente? São. Mais ou menos duramente dependendo do local/finalidade da instrução. Mas não são "lixo", como quer fazer soar. Ninguém se esquece que os recrutas que está a treinar hoje são os soldados que vai comandar amanhã. (2)

    Se há instrutores que são autênticos "porcos" e exageram? sem dúvida. Mas em regra geral, as pessoas são tratadas com dignidade. São é levadas a responder por toda e qualquer falha que cometam (e o pessoal, em regra geral, está MUITO, MAS MUITO mal acostumado) o que levam a sofrer punições. O problema é que as gerações atuais não está educada de forma a responder pelo que faz (síndrome do coitadinho/vamos lá dar mais uma chance), e toda e qualquer punição é vista como extrapolação/tratamento não-digno.

    Quer se concorde quer não, na sua essência, as FA existem para combater, e não se treinam soldados, alguns deles com graves problemas comportamentais, meramente com "processos administrativos", como se de uma empresa civil se tratasse.

    Quanto às punições que refere sem justificação...isso dava um post inteiro, mas saiba que, em regra geral, é muito melhor essas ditas "punições à toa", como quer fazer parecer, como uma punição "oficial", como defende.
    Uma punição "oficial" vai para a folha de matrícula do militar. Ora, essa punição há de sempre constar na FM quando esse militar depois quiser concorrer a concurso público. Exemplo mais comum é GNR ou PSP.
    E com o número de candidatos/vagas, ter uma "porrada" na FM é quase certo que essa pessoa nunca mais consegue entrar nessas Instituições depois que sai das fileiras.
    Portanto entre perder um fim-de-semana no quartel depois que faz asneiras ou ter um processo disciplinar em cima que depois pode lhe condicionar o futuro? O pessoal ainda tem 2 dedos de testa e pensa um bocadito nas pessoas e no futuro delas.(3)

    Não seja "virgem ofendida" quanto à forma de tratamento verbal. Quando se fala em "putos", ninguém o faz de forma pejorativa ou como insulto. Apenas para se referir a uma pessoa nova. Quantas pessoas, em conversas informais, não dizem "eh pah, tenho lá um puto novo a trabalhar na fábrica, o gajo é mto bom!" E no entanto ninguém está a faltar ao respeito a ninguém, como quer fazer parecer. E já agora, não, eles não são tratados dessa forma dentro do Quartel. Todo o soldado é tratado pelo último nome, como é apanágio militar.


    A nível material:

    Mais um mudança lenta e a passo de caracol. E é neste ponto que as FA, por terem equipamento completamente ultrapassado/INOP, perde pessoal. A principal arma, até recentemente, era da época do Ultramar. A pistola era motivo de chacota internacional. Os rádios de campanha são autênticas mochilas. As viaturas estão seguras por arames. etc etc etc etc. Há algum material recente que é distribuído às FND's, mas a grande parte das Unidades tem material completamente ultrapassado. Facto!
    E isso afugenta jovens de 18 aninhos que sonham em viver a experiência da tropa moderna que vêm nos filmes.

    Afinal, temos posições e entendimentos muito aproximados...
    (1) não foi na Força Aérea que identificaram uma situação de desvio de géneros e comissões, que envolvia vário pessoal, de todos os níveis hierárquicos?
    (2) admito que essa parte possa estar a mudar, muito com o fim do SMO. Enquanto antes, a tropa era obrigatória e podiam fazer o que queriam dos recrutas e eles tinham de se aguentar. Agora, não. Eles podem desistir. Algo que antes não podiam.
    (3) Compreendo. Mas, não posso concordar. Numa sociedade democrática e evoluída, isso não pode acontecer. As pessoas, nas Forças Armadas ou noutra qualquer Instituição têm de ser responsabilizadas pelo que fazem, na medida proporcional e adequada e no respeito pela legalidade, sejam quais forem as consequências. O exemplo que refere quanto ao posterior ingresso nas Forças de Segurança, é um bom exemplo. O acesso a essas Instituições tem de ser rigoroso e um erro, punível disciplinarmente e cometido nas FA, tem de poder ser do conhecimento de quem faz a seleção para ingresso nessas Instituições. Não pode, depois, questionar-se como é que determinado indivíduo conseguiu entrar para a GNR, PSP ou PJ se na Tropa tinha feito isto ou aquilo. A acontecer, deixa mal todas as Instituições. Obviamente que uma repreensão disciplinar por um atraso numa formatura na Tropa, não será impeditiva de entrar nas Forças de Segurança.
  11.  # 17

    Colocado por: RCF
    Afinal, temos posições e entendimentos muito aproximados...
    (1) não foi na Força Aérea que identificaram uma situação de desvio de géneros e comissões, que envolvia vário pessoal, de todos os níveis hierárquicos?
    (2) admito que essa parte possa estar a mudar, muito com o fim do SMO. Enquanto antes, a tropa era obrigatória e podiam fazer o que queriam dos recrutas e eles tinham de se aguentar. Agora, não. Eles podem desistir. Algo que antes não podiam.
    (3) Compreendo. Mas, não posso concordar. Numa sociedade democrática e evoluída, isso não pode acontecer. As pessoas, nas Forças Armadas ou noutra qualquer Instituição têm de ser responsabilizadas pelo que fazem, na medida proporcional e adequada e no respeito pela legalidade, sejam quais forem as consequências. O exemplo que refere quanto ao posterior ingresso nas Forças de Segurança, é um bom exemplo. O acesso a essas Instituições tem de ser rigoroso e um erro, punível disciplinarmente e cometido nas FA, tem de poder ser do conhecimento de quem faz a seleção para ingresso nessas Instituições. Não pode, depois, questionar-se como é que determinado indivíduo conseguiu entrar para a GNR, PSP ou PJ se na Tropa tinha feito isto ou aquilo. A acontecer, deixa mal todas as Instituições. Obviamente que uma repreensão disciplinar por um atraso numa formatura na Tropa, não será impeditiva de entrar nas Forças de Segurança.


    em resposta a:
    1: infelizmente aconteceu em todos os ramos das FA. Não com a mesma seriedade, mas na época da velha senhora (das vacas gordas) infelizmente acontecia mais do que se possa gostar. Daí que muitos que estiveram na tropa "do antigamente" e que tenham vivenciado isso de perto pensem que a tropa ainda é assim.
    2:Pois..agora os meninos podem desistir (e até pagam para desistir). E muitas vezes não é difícil arranjar um trabalho melhor que a tropa (qualquer sítio paga o salário mínimo).
    3: Acontece em todo o lugar, não só na tropa. Quantos de nós não conhecemos ou somos familiares de pessoas que trabalham para patrões ****? Que abusam? Que humilham? A tropa é um mero espelho da sociedade e maças podres há em todo o lado.
    Sobre a questão das punições, por essa e por outras disse que esse tema dá pano pra um post inteiro. Um "mero atraso na formatura" já dá direito a "porrada" (vulgo: punição). Chegar bêbado do fds dá direito a porrada. Mesmo que ainda não tenha entrado de svc. Andar mal ataviado dá direito a porrada. Em essência tudo e qualquer coisa na tropa dá direito a porrada, se quisermos sem 100% rigorosos. Os deveres enchem uma página... É claro que quando o caso é mais grave (ou é um caso recorrente) o pessoal escreve, mas as coisas mais ligeiras, não queremos estar logo a cortar as pernas aos jovens que ainda não têm cabecinha para pensar que chegar meia hora atrasado na segunda-feira porque estava com o choco e acordou mais tarde, vai reflectir no seu futuro a longo prazo. (embora, em boa verdade, pudéssemos).
    Acha que alguém ia contratar alguém que tivesse na FM "foi punido por aparecer atrasado no trabalho"? Era logo riscado!
    Fica de fim-de-semana para abrir a pestana e pensar no que fez...e prontos. Aprende que as metidelas de patas têm consequências e não fica com o futuro hipotecado. Isto foi um exemplo de treta, mas deu para perceber...acho eu.
    • RCF
    • 20 abril 2020

     # 18

    Colocado por: TyrandeAcha que alguém ia contratar alguém que tivesse na FM "foi punido por aparecer atrasado no trabalho"? Era logo riscado!

    Acho que não... por esse motivo, acho que não. Nem para as Forças de Segurança era riscado.
    Ficar lá um fim de semana, por vezes, é apenas uma oportunidade para cometer mais erros. Um quartel quase vazio é uma tentação ao ócio e a algumas más práticas, como o álcool em excesso.

    Colocado por: TyrandeIsto foi um exemplo de treta, mas deu para perceber...acho eu.

    Perceber, percebo. Já tinha percebido. Mas, pelos motivos que já tinha identificado, não concordo. Afinal, ainda há algo (pequeno) que nos distancia :-)
  12.  # 19

    Colocado por: RCF
    Acho que não... por esse motivo, acho que não. Nem para as Forças de Segurança era riscado.


    Não percebi.
    Acha que não levava "porrada" por chegar atrasado? Ou que não entrava para as FSS por ter uma porrada por esse motivo?
  13.  # 20

    "Quer se concorde quer não, na sua essência, as FA existem para combater, e não se treinam soldados, alguns deles com graves problemas comportamentais, meramente com "processos administrativos", como se de uma empresa civil se tratasse."~

    Bem citado e subscrevo. Percebo os dois lados, por um lado sou a favor dos processos administrativos por outro do "beneficio físico". Há uma diferença entre FA e uma empresa civil, claramente e mal seria se não houvesse. O problema é cada vez mais interpretarem a tropa como uma empresa civil. Acho que os processos administrativos são uma boa medida para pessoal irrecuperável, de modo a que (se ainda fosse como devia) fosse convidado a sair da instituição. Por outro lado, num militar que comete erros mas reconhecemos qualidade, deve ser punido com "beneficio físico". Acho que umas noites no mato ou umas limpezas com inchadas ou umas voltas a parada com a famosa "consciencia" não fazem mal a ninguém, pelo contrário. Há valores que tem de se manter e com processos é impossível, conheci muitos que pouco se importavam com processos, era igual para eles.

    "A corrupção e facilitismos que houveram no passado hoje em dia são casos pontuais. "
    Olhe que não são assim tão pontuais como diz, muitos ficam dentro da instituição. Mas que tenha sido descoberto pela CSocial, tem o do golfe ( https://www.dn.pt/poder/insolito-comandante-levou-militares-e-um-canhao-para-torneio-de-golfe-11440334.html ).
 
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