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    • eu
    • 2 abril 2020

     # 21

    Colocado por: JoelMLi, mas como acompanhei tudo em portugal e aqui na Noruega ao mesmo tempo, vi logo que esse artigo foi escrito muito levianamente e sem qualquer pesquisa... Comparou 4 países e ficou por aí...


    Leia lá o artigo outra vez, a comparação é com 7 (sete) outros países.
  1.  # 22

    Colocado por: ptuga
    A verdade é que ninguém e nenhum país, e a meu ver bem, está disposto a aceitar uma taxa de mortalidade de 1,5 a 2% no espaço de dois meses. Imagine-se que agora o Costa dizia em abril e maio vão morrer 150 mil a 200mil portugueses mas em junho todos podemos ir festejar os santos populares à vontade. quem é que aceitaria?


    Essas contas estão grosseiramente erradas, mas não parece ter percebido o ponto do texto.


    Matematicamente o impacto do vírus é irrisório.. e é essa a verdade desse texto, só que a vida não é só matemática. Em Itália "só" morreram 12mil pessoas e veja-se o impacto que está a ter ao nível social e humano


    Não é "matematicamente". Esse é o mesmo erro de quem insiste em opor economia/pessoas.

    O ponto do texto é:

    a) O efeito protector das medidas de contenção adoptadas não é mensurável.

    b) A progressão do contágio leva a que se atinja um pico e daí se comece a reduzir, por mecanismos mais ou menos bem conhecidos e sem necessariamente resultarem da intervenção "política".

    c) nada disto impede que algumas das medidas tomadas ou outras, especificamente dirigidas à redução do risco e à protecção dos mais vulneráveis, fossem ou devessem ser tomadas;

    d)os efeitos das medidas não são só os desejados, nem os imediatos; os efeitos não desejados e/ou não imediatamente perceptíveis podem facilmente ser bem superiores aos eventuais benefícios (que aliás não são quantificáveis para além do "evidentemente que funciona").

    e)daqui resulta ainda que, sendo humana a pulsão de que perante um problema "há que fazer algo", na verdade nada nos diz que "fazer muito" seja mais eficaz (mesmo que apenas no imediato) do que "não fazer nada" (num caso extremo) ou "fazer um pouco".

    f) de raspão ainda se fala na pressão da comunicação social e das redes sociais que tem tentado forçar o Governo a tomar decisões cuja racionalidade e eficácia é duvidosa (na melhor das hipóteses).
    Concordam com este comentário: J.Fernandes
    • RCF
    • 2 abril 2020

     # 23

    Colocado por: Luis Santos DuartePelo que percebi a pena irá ser perdoada a pessoas com factores de risco (ex. idade) e a outros em fim de pena.

    Pena perdoada só através de indulto presidencial. Acho extremamente difícil que tal aconteça e espero bem que não aconteça. Há muito preso integrante de grupo de risco que, o melhor é mantê-los trancados a sete chaves. Não me refiro, propriamente, a idosos, mas sim a doentes com tuberculose, hepatite, HIV, etc...

    O que poderá acontecer é colocarem em prisão domiciliária, com pulseira eletrónica, alguns presos, nomeadamente aqueles com penas mais curtas e próximos do fim do cumprimento da pena ou da saída em liberdade condicional.
    Estas pessoas agradeceram este comentário: Luis Santos Duarte
  2.  # 24

    Colocado por: NTORION
    Mas, e por essa ordem de ideias, então, o que nos tem tb ajudado é o clima, pq tivemos no mês de março verdadeiros dias de primavera, com temperatura acima dos 20ºc e até em fevereiro (semana antes do carnaval) isso aconteceu. E já agora podemos reduzir o confinamento social apenas aos dias com temperaturas abaixo do 25ºc :)


    Segundo o texto, não é tanto a temperatura mas a luz solar. E sim, é razoável admitir que haja uma grande componente de ajuda "externa". Repare que não se diz que não há efeitos positivos do isolamento.
    Outro texto que aborda esse tema (embora o foco seja outro):
    https://corta-fitas.blogs.sapo.pt/a-escolha-pela-liberdade-nao-e-facil-6899076
    Sabemos muito pouco sobre o que querem dizer os números da covid em cada país (como são registados, que parte da realidade traduzem, que relações de causa/ efeito existem que não sejam meras correlações estatísticas, etc.).
    Por isso todas as comparações entre países, devem ser muito, muito, muito cautelosas.

    A ideia de que são as medidas que estão a ser tomadas que estão a ter os efeitos diferenciados que se possam ver nos números é um salto no escuro: podem ser, ou podem não ser.
    Existem bastante artigos científicos e de opinião que discutem esta questão, mas todos os que li que demonstram o efeito das medidas de contenção social (muito longe de serem todos os que existem, claro) assentam em correlações estatísticas cuja interpretação se baeia num raciocínio circular: as medidas são eficazes, todas as diferenças entre os modelos teóricos e os números reais se devem às medidas, logo, as medidas são eficazes.
    O que parece certo é que a partir da manobra de propaganda da ditadura chinesa - derrotámos gloriosamente o vírus com a nossa acção firme e decidida -, com a conivência do silêncio da OMS (que deveria ter dito que essa é uma hipótese, embora pouco provável, e que o conhecimento de cem anos de epidemiologia permite admitir que a curva epidemiológica tenha seguido o seu curso natural, tendo sido o vírus a derrotar-se a si próprio, com mais ou menos influência das medidas na contenção dos seus efeitos sociais), as opiniões públicas ocidentais exigiram aos seus governos que actuassem como ditaduras para derrotar este inimigo, antes que o inimigo nos derrotasse a nós.
    O resultado é que em todo o lado, o medo e a emoção, a matéria base de que se sustentam as ditaduras, se têm sobreposto à racionalidade na definição do problema e na adopção das medidas razoáveis em cada momento.
    "É possível, porque tudo é possível" que não fosse possível ter sido outra a forma de lidar com o problema dada a pressão das opiniões públicas, mas que isso nos vai custar muito, muito caro, isso é garantido.
    O impacto da epidemia talvez não seja muito diferente do que seria o impacto de um ano mau de gripe, em número de mortos, com ou sem medidas, isso não é garantido, mas é cada vez mais provável.
    O que me perturba nisto é a facilidade e rapidez com que as opiniões públicas ocidentais aceitaram prescindir da sua liberdade - uma coisa é apoiar os governos nas campanhas de distanciamento social, aceitar recomendações para diminuir contactos sociais, promover activamente o isolamento social de grupos de risco, outra coisa é apoiar a adopção de uma política coerciva do Estado para obter os mesmos resultados - para exigir aos seus governos e aos seus jornais que actuassem com os instrumentos das ditaduras: condicionamento da opinião, silenciamento social da divergência, estado de sítio, etc..
    Sendo real, imaginária ou, ainda mais perigoso, com um fundo de realidade empolada por uma imprensa acrítica e elites muito informadas mas pouco cultas, bastou uma ameaça externa ser sentida como suficientemente grande para que tenhamos ido a correr para os braços das lideranças fortes, das medidas musculadas e para a ostracização social da divergência.
    Uma boa demonstração de que as democracias não são um dado adquirido e muito menos o estado natural das comunidades, bem pelo contrário, a democracia e a liberdade são contra-intuitivas e exigem um esforço permanente de racionalidade que as defenda.


    Já agora, alguém viu as noticias sobre os USA hj? Então já não têm medicamentos nem equipamentos? Estão a ter casos criticos em pessoas jovens e sem comorbilidades?

    E por cá, repararam que disparou o número de internados?
    Estas pessoas agradeceram este comentário: ricardo.rodrigues
  3.  # 25

    Se na Europa e na generalidade dos países desenvolvidos vão existir mecanismos que de certa forma vão minorar os efeitos na população da diminuição brutal da atividade económica, já em muitos países pobres que têm fábricas a produzir para exportação os próximos tempos podem muito bem ser de fecho de fábricas, desemprego, fome e as consequentes fatalidades.
  4.  # 26

    Em contrapartida, pelo que entendi, no espaço de 2 semanas há 9 milhões de pedidos de benefícios de desemprego nos EUA e 950.000 em Espanha. Praticamente 10 milhões apenas nestes 2 países.
    Como irão resolver isto, não sei.
    • eu
    • 2 abril 2020

     # 27

    Colocado por: luisvve)daqui resulta ainda que, sendo humana a pulsão de que perante um problema "há que fazer algo", na verdade nada nos diz que "fazer muito" seja mais eficaz (mesmo que apenas no imediato) do que "não fazer nada" (num caso extremo) ou "fazer um pouco".


    Não posso concordar com isto.

    Pode ser difícil de medir ou estimar os verdadeiros efeitos das medidas, mas é óbvio que "fazer muito" é bastante mais eficaz que "fazer um pouco" ou "não fazer nada".

    O facto de os efeitos serem difíceis de medir não implica que as medidas sejam irrelevantes.
  5.  # 28

    Colocado por: luisvvO impacto da epidemia talvez não seja muito diferente do que seria o impacto de um ano mau de gripe, em número de mortos, com ou sem medidas, isso não é garantido, mas é cada vez mais provável.
    O que me perturba nisto éa facilidade e rapidez com que as opiniões públicas ocidentais aceitaram prescindir da sua liberdade - uma coisa é apoiar os governos nas campanhas de distanciamento social, aceitar recomendações para diminuir contactos sociais, promover activamente o isolamento social de grupos de risco, outra coisa é apoiar a adopção de uma política coerciva do Estado para obter os mesmos resultados - para exigir aos seus governos e aos seus jornais que actuassem com os instrumentos das ditaduras: condicionamento da opinião, silenciamento social da divergência, estado de sítio, etc..
    Sendo real, imaginária ou, ainda mais perigoso, comum fundo de realidade empolada por uma imprensa acrítica e elites muito informadas mas pouco cultas, bastou uma ameaça externa ser sentida como suficientemente grande para que tenhamos ido a correr para os braços das lideranças fortes, das medidas musculadas e para a ostracização social da divergência.
    Uma boa demonstração de que as democracias não são um dado adquirido e muito menos o estado natural das comunidades, bem pelo contrário, a democracia e a liberdade são contra-intuitivas e exigem um esforço permanente de racionalidade que as defenda.

    Assino por baixo.
  6.  # 29

    Colocado por: J.FernandesSe na Europa e na generalidade dos países desenvolvidos vão existir mecanismos que de certa forma vão minorar os efeitos na população da diminuição brutal da atividade económica, já em muitos países pobres que têm fábricas a produzir para exportação os próximos tempos podem muito bem ser de fecho de fábricas, desemprego, fome e as consequentes fatalidades.

    Parece que, como apenas exemplos soltos, grandes estratégias futuras incluem fecho permanente das lojas físicas para se passar a venda online. Produtores de mobílias (como a IKEA num exemplo concreto) vão passar a alugar móveis para além de os vender. Num conceito de sustentabilidade e ecologia.
    A ecologia, diz-se, passará a ser um novo motor da economia.
    Muitas coisas podem vir a mudar, depois da pandemia.
  7.  # 30

    Colocado por: pedrocipri
    O problema é que não morriam só essas pessoas com o SNS a implodir com tanta gente a precisar de UCI. Podiam chegar a quase 1 Milhão nessas condições..


    Está a assumir que isso aconteceria sem estas medidas, o que contraria a ideia do texto.

    Mas deixe-me dar-lhe uma novidade: por cá (e na generalidade dos países, incluindo Itália e Espanha) estão a morrer mais pessoas nesta altura do ano do que na média dos anos anteriores.
    E embora parte dessas mortes até possa ser imputada a casos de COVID não detectados porque misturados noutros quadros clínicos onde a morte era resultado expectável, ou até a deficiências na recolha de dados é perfeitamente admissível supor que parte dessas mortes sejam efeitos colaterais das medidas e do foco no COVID. (exemplos: pessoas que adiam idas aos hospitais e/ou às urgências e só vão em última instância; pessoas cujos tratamentos são suspensos/adiados,etc.)

    Só para lhe dar um pequeno exemplo de algo feito agora e que parece bom senso mas que terá mais tarde um efeito negativo superior ao benefício: num hospital de Lisboa, determinado procedimento foi suspenso porque não era absolutamente necessário (os doentes ainda conseguiam cumprir uma função fisiológica fundamental, enquanto ainda não estão a fazer determinado tratamento); daqui a 2 ou 3 meses (admitindo que tudo voltou à normalidade) se tiverem iniciado o tratamento, já não terão essa função, sendo que nessa altura a solução é outro procedimento mais invasivo e propício a complicações, com pior qualidade de vida dos doentes. Nessa altura, quando alguns destes morrerem ou passarem por situações terríveis o Pedro não verá esse "deve" na coluna dos prejuízos destas medidas.
  8.  # 31

    Colocado por: euPode ser difícil de medir ou estimar os verdadeiros efeitos das medidas, mas é óbvio que "fazer muito" é bastante mais eficaz que "fazer um pouco" ou "não fazer nada".

    A questão é se ao "fazer muito" se estão a tomar medidas que se venham a revelar contraproducentes e mais gravosas no futuro.
  9.  # 32

    Colocado por: eu
    Não posso concordar com isto.

    Pode ser difícil de medir ou estimar os verdadeiros efeitos das medidas, mas é óbvio que "fazer muito" é bastante mais eficaz que "fazer um pouco" ou "não fazer nada".

    O facto de os efeitos serem difíceis de medir não implica que as medidas sejam irrelevantes.


    Não implica que sejam irrelevantes, da mesma forma que não implica que sejam sequer benéficas. É humano querer fazer algo, mas fazer algo só porque algo tem que ser feito, sem saber se os efeitos serão benéficos é errado.
  10.  # 33

    são sempre os mesmo a ir a correr pedir a mão ao estado
  11.  # 34

    Colocado por: eu
    Não posso concordar com isto.

    Pode ser difícil de medir ou estimar os verdadeiros efeitos das medidas, mas é óbvio que "fazer muito" é bastante mais eficaz que "fazer um pouco" ou "não fazer nada".

    O facto de os efeitos serem difíceis de medir não implica que as medidas sejam irrelevantes


    https://corta-fitas.blogs.sapo.pt/as-modernas-bolas-de-cristal-6898408
    Há os que olham para uma epidemia como uma ameaça bélica, com um inimigo bem definido que é preciso vencer heroicamente, com sangue suor e lágrimas ou, ao menos, o sacrifício do isolamento social prolongado, mesmo que isso implique restrições severas à liberdade e a criação de uma economia de guerra.
    Estes tendem a acreditar no poder ilimitado do homem e das suas criações, que procuram demonstrar com sofisticadas modelações matemáticas infalíveis, porque "os números não mentem".
    Para ter uma ideia clara do que descrevi, penso que o melhor será ler hoje este artigo escrito por Jorge Buescu, cheio de certezas, números e gráficos que, logo no início caracteriza muito bem o problema matemático: "A epidemiologia estuda a forma de propagação de doenças contagiosas. Tratando-se de números, a Matemática tem de intervir. Ora, tal como acontece em Meteorologia ou em Climatologia, a situação é a de estarmos de posse dos dados numéricos actuais e de pretendermos conhecer a evolução futura: no caso da Meteorologia, se vai chover ou fazer sol na próxima semana; no caso da epidemiologia, o que devemos esperar da evolução de uma doença, como é o caso deste vírus. Em resumo: de posse dos dados presentes, queremos prever o futuro."
    A Maria que estivesse a ler este artigo enquanto ia a caminho de regar as couves da horta tiraria uma conclusão imediata: se isto é como prever o tempo, o melhor é ter cautela com as previsões e não deixar de aproveitar o sol que está para pôr o milho na eira, porque daqui a uma semana dizem que continua a haver Sol, nem ir a correr a semear os nabos, porque dizem que para a semana chove.
    Por razões totalmente estranhas ao bom senso e, neste caso, também ao senso comum, Jorge Buescu resolveu tomar como certas as suas previsões sobre o futuro e, com os números de ontem, a realidade era a seguinte: números de casos positivos a um sexto da previsão que achava mais provável, e a metade da previsão que achava excessivamente conservadora.
    Mas a sua certeza, o fascínio dos homens (sobretudo dos homens, neste caso em sentido estrito) pelas bolas de cristal disfarçadas de complexas modelações estatísticas, arrastou consigo uma boa parte da opinião pública que passou, não só a aceitar, mas exigir, medidas imediatas e radicais (as palavras são do mesmo artigo) aos seus governos para nos defender do dramático tsunami que estava para chegar. Buescu não tinha dúvidas: "A taxa de infectados por coronavírus que precisam de cuidados intensivos é de 5%. As minhas projecções indicam que, no dia 23/3, teremos um número de infectados da ordem de 3000. Teremos portanto 150 doentes a precisar de camas de cuidados intensivos. Com grande probabilidade não existe esse número de camas disponíveis em todo o País. E portanto, os serviços entrarão em colapso por falta de meios e os médicos terão de tomar, como já acontece em Itália há mais de uma semana, decisões de vida ou de morte, decidindo quem fica com o ventilador".
    A realidade é que mais de uma semana depois da data prevista, não há qualquer sinal do que foi afirmado como certo.
    Este modelo mental de abordagem de uma epidemia é, infelizmente, dominante, actualmente, e levou a um conjunto de medidas com fortíssimo impacto social e económico em muitos países (não em todos e muito menos da mesma maneira imediata e radical como por vezes se pretende crer).

    Felizmente o discurso dominantes começa a mudar e já se ouve os responsáveis pela aplicação destas medidas (na verdade a responsabilidade é da opinião pública que as exigiu) a dizer que os números demonstram que tinham razão, as medidas adoptadas fizeram efeito e a situação está a melhorar.
    E está mesmo, o pico passou em Itália, terá passado em Espanha (mas só agora se vai começar a notar na mortalidade, há um desfasamento de cerca de sete dias) e os números dos Estados Unidos parecem sugerir (repito para acentuar bem a incerteza) que também aí o pico está muito próximo.
    Como me explicava quem tem uma visão alternativa de uma epidemia, 12 a 14 dias depois de entrar na exponencial estamos no pico da infecção, mais sete dias entra a mortalidade no planalto, e depois começa tudo a descer, até acabar tudo na primeira semana de Maio, o mais tardar.
    Sim, é a Maria a olhar para o Céu, a ver de onde vem o vento, a sentir a humidade na pele, para saber se semeia os nabos ou põe o milho na eira.
    Digamos que é uma bola de cristal mais antiga, menos tecnológica, e com certeza não me permite planear um fogo controlado para daqui a dez dias.
    O que fazem as pessoas do fogo controlado é olhar para as bolas de cristal modernas, preparar tudo para o caso de estarem certas, e continuam a olhar para o Céu, confirmando todos os dias em que sentido se está a coisa a encarreirar, vão-se adaptando e só confirmam o fogo controlado quando entram no intervalo de confiança das previsões meteorológicas: nunca mais de três dias.
    Uma bola de cristal, é uma bola de cristal, é uma bola de cristal.
  12.  # 35

    Colocado por: CMartinMuitas coisas podem vir a mudar, depois da pandemia.

    Por outro lado, se hoje muita gente só quer é voltar à sua vida de há um mês atrás, daqui a umas semanas serão muitos mais. As pessoas já não querem que nada mude, querem é que tudo volte a ser como dantes.
  13.  # 36

    Muito bom o comentário do luisvv. Para além da veia quase literária :o) E concorde-se ou não com a opinião, eu acho-o muito bem visto, e vai realmente no sentido do que, aqui e acolá, se vai apreendendo e juntando os pontos.
    • eu
    • 2 abril 2020 editado

     # 37

    Colocado por: luisvvNão implica que sejam irrelevantes, da mesma forma que não implica que sejam sequer benéficas. É humano querer fazer algo, mas fazer algo só porque algo tem que ser feito, sem saber se os efeitos serão benéficos é errado.


    Sem saber se os efeitos serão benéficos? Mas tem dúvidas sobre os efeitos benéficos destas medidas ?

    O que é que os maiores especialistas médicos de pandemias dizem sobre o assunto?
  14.  # 38

    Colocado por: luisvv

    Só para lhe dar um pequeno exemplo de algo feito agora e que parece bom senso mas que terá mais tarde um efeito negativo superior ao benefício: num hospital de Lisboa, determinado procedimento foi suspenso porque não era absolutamente necessário (os doentes ainda conseguiam cumprir uma função fisiológica fundamental, enquanto ainda não estão a fazer determinado tratamento); daqui a 2 ou 3 meses (admitindo que tudo voltou à normalidade) se tiverem iniciado o tratamento, já não terão essa função, sendo que nessa altura a solução é outro procedimento mais invasivo e propício a complicações, com pior qualidade de vida dos doentes. Nessa altura, quando alguns destes morrerem ou passarem por situações terríveis o Pedro não verá esse "deve" na coluna dos prejuízos destas medidas.

    Por acaso não acho bom senso, as intervenções só deveriam ser adiadas quando fosse necessário, ou seja quando a capacidade de um hospital estivesse cheia. Não cancelar tudo quando ainda estava tudo no inicio. Sim seria necessário começarem os preparativos...

    Quanto ao problema no global já me pronunciei, é claro a quem acompanha/critica o que se passa ao seu redor que o actual sistema é um fracasso e não atende as necessidades da humanidade!
    Concordam com este comentário: CMartin
  15.  # 39

    Colocado por: J.FernandesPor outro lado, se hoje muita gente só quer é voltar à sua vida de há um mês atrás, daqui a umas semanas serão muitos mais. As pessoas já não querem que nada mude, querem é que tudo volte a ser como dantes.
    O que me parece perfeitamente natural, o medo da incerteza afinal (face ao que conhecíamos e que nos é, por isso, mais confortável (a nossa zona de conforto)), a não ser, que o futuro diferente seja melhor. E que havia espaço para melhoria, havia, até por razões de alguma saturação de problemáticas sem fim à vista e que nos deixavam com sentimento de frustração e impotência. Como a ecologia. Como alguma mudança de valores. Penso que é praticamente impossível isso não vir a acontecer. A pandemia serviu de mola. Há demasiado falatório nesse sentido, para agora, e especialmente depois disto as pessoas não quererem uma outra verdade.
    • eu
    • 2 abril 2020 editado

     # 40

    Colocado por: luisvvhttps://corta-fitas.blogs.sapo.pt/as-modernas-bolas-de-cristal-6898408
    Há os que olham para uma epidemia como uma ameaça bélica, com um inimigo bem definido que é preciso vencer heroicamente, com sangue suor e lágrimas ou, ao menos, o sacrifício do isolamento social prolongado, mesmo que isso implique restrições severas à liberdade e a criação de uma economia de guerra.
    Estes tendem a acreditar no poder ilimitado do homem e das suas criações, que procuram demonstrar com sofisticadas modelações matemáticas infalíveis, porque "os números não mentem".
    Para ter uma ideia clara do que descrevi, penso que o melhor será ler hoje este artigo escrito por Jorge Buescu, cheio de certezas, números e gráficos que, logo no início caracteriza muito bem o problema matemático: "A epidemiologia estuda a forma de propagação de doenças contagiosas. Tratando-se de números, a Matemática tem de intervir. Ora, tal como acontece em Meteorologia ou em Climatologia, a situação é a de estarmos de posse dos dados numéricos actuais e de pretendermos conhecer a evolução futura: no caso da Meteorologia, se vai chover ou fazer sol na próxima semana; no caso da epidemiologia, o que devemos esperar da evolução de uma doença, como é o caso deste vírus. Em resumo: de posse dos dados presentes, queremos prever o futuro."
    A Maria que estivesse a ler este artigo enquanto ia a caminho de regar as couves da horta tiraria uma conclusão imediata: se isto é como prever o tempo, o melhor é ter cautela com as previsões e não deixar de aproveitar o sol que está para pôr o milho na eira, porque daqui a uma semana dizem que continua a haver Sol, nem ir a correr a semear os nabos, porque dizem que para a semana chove.
    Por razões totalmente estranhas ao bom senso e, neste caso, também ao senso comum, Jorge Buescu resolveu tomar como certas as suas previsões sobre o futuro e, com os números de ontem, a realidade era a seguinte: números de casos positivos a um sexto da previsão que achava mais provável, e a metade da previsão que achava excessivamente conservadora.
    Mas a sua certeza, o fascínio dos homens (sobretudo dos homens, neste caso em sentido estrito) pelas bolas de cristal disfarçadas de complexas modelações estatísticas, arrastou consigo uma boa parte da opinião pública que passou, não só a aceitar, mas exigir, medidas imediatas e radicais (as palavras são do mesmo artigo) aos seus governos para nos defender do dramático tsunami que estava para chegar. Buescu não tinha dúvidas: "A taxa de infectados por coronavírus que precisam de cuidados intensivos é de 5%. As minhas projecções indicam que, no dia 23/3, teremos um número de infectados da ordem de 3000. Teremos portanto 150 doentes a precisar de camas de cuidados intensivos. Com grande probabilidade não existe esse número de camas disponíveis em todo o País. E portanto, os serviços entrarão em colapso por falta de meios e os médicos terão de tomar, como já acontece em Itália há mais de uma semana, decisões de vida ou de morte, decidindo quem fica com o ventilador".
    A realidade é que mais de uma semana depois da data prevista, não há qualquer sinal do que foi afirmado como certo.
    Este modelo mental de abordagem de uma epidemia é, infelizmente, dominante, actualmente, e levou a um conjunto de medidas com fortíssimo impacto social e económico em muitos países (não em todos e muito menos da mesma maneira imediata e radical como por vezes se pretende crer).

    Felizmente o discurso dominantes começa a mudar ejá se ouve os responsáveis pela aplicação destas medidas (na verdade a responsabilidade é da opinião pública que as exigiu) a dizer que os números demonstram que tinham razão, as medidas adoptadas fizeram efeito e a situação está a melhorar.
    E está mesmo, o pico passou em Itália, terá passado em Espanha (mas só agora se vai começar a notar na mortalidade, há um desfasamento de cerca de sete dias) e os números dos Estados Unidos parecem sugerir (repito para acentuar bem a incerteza) que também aí o pico está muito próximo.
    Como me explicava quem tem uma visão alternativa de uma epidemia, 12 a 14 dias depois de entrar na exponencial estamos no pico da infecção, mais sete dias entra a mortalidade no planalto, e depois começa tudo a descer, até acabar tudo na primeira semana de Maio, o mais tardar.
    Sim, é a Maria a olhar para o Céu, a ver de onde vem o vento, a sentir a humidade na pele, para saber se semeia os nabos ou põe o milho na eira.
    Digamos que é uma bola de cristal mais antiga, menos tecnológica, e com certeza não me permite planear um fogo controlado para daqui a dez dias.
    O que fazem as pessoas do fogo controlado é olhar para as bolas de cristal modernas, preparar tudo para o caso de estarem certas, e continuam a olhar para o Céu, confirmando todos os dias em que sentido se está a coisa a encarreirar, vão-se adaptando e só confirmam o fogo controlado quando entram no intervalo de confiança das previsões meteorológicas: nunca mais de três dias.
    Uma bola de cristal, é uma bola de cristal, é uma bola de cristal.



    Os números reais estão de facto abaixo das previsões... a explicação mais razoável é mesmo: será que estes números mais baixos que o previsto não se devem exatamente às medidas draconianas tomadas ?

    Quanto às restantes considerações do arquiteto paisagista, valem o que valem. Não se pode obrigar alguém que não seja da área a compreender os modelos matemáticos de pandemias e as suas incertezas e limitações.
    Concordam com este comentário: leandro_m
 
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