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    • AMG1
    • 10 novembro 2022

     # 1

    Colocado por: tigoncalAMG1, desculpe a falta de empatia com o seu comentário, que para quem acabasse de chegar ao nosso país vindo de outra realidade completamente diferente, naturalmente que seria solidário com a sua visão, e de forma abstrata, todos concordariam com ela (e eu também concordaria). O problema é a reboque da conversa de que cortando a despesa se perderiam serviços públicos se evita resolver a questão. Neste momento as maternidades fecham à vez, com grávidas a terem filhos a 130kms de casa, 40% dos portugueses não têm médico de família, há alunos ainda sem professor a algumas disciplinas a meados de Novembro, e poderia continuar a enumerar pelo menos dezenas de casos dos últimos meses, que por serem tão frequentes já passaram à normalidade. Se é para isto que pagamos uma das maiores taxas de impostos da europa (e da OCDE), talvez haja realmente um problema que não se resolve com mais impostos e em tirar dinheiro às pessoas. Continuar a bater no peito com a defesa do SNS quando há mais de 3 milhoões de Portugueses com seguros de saúde, é pura e simplesmente caça ao voto. Enquanto tudo isto acontece, houve disponibilidade financeira para injetar (pelo menos) 3mil milhoões de euros na TAP, só para dar um exemplo.

    Os "interesses" de que tanto se fala não vêm de quem produz, de quem exporta, de quem trabalha: tomara a Sonae ou a Jerónimo Martins serem forçados a pagar mais aos seus trabalhadores (que de outra forma não aceitariam trabalhar), era sinal que valor do trabalho era maior e a o mercado de trabalho estava a pagar melhor , que o salário médio do consumidor das suas lojas era maior e que gastavam mais em cada compra, que poderiam praticar melhores margens e por consequência aumentar os lucros, que lhes permitiria investir mair, criar mais postos de trabalho e aumentar ainda mais os lucros. Ao contrário do que a nossa esquerda pensa, quando uma empresa tem lucro, a sociedade ganha.

    Os "grande interesses" que existem em Portugal fazem força é para que nada mude, para que sob a peneira da defesa dos serviços públicos se continue a alimentar um pequeno núcleo (ainda assim de uns largos milhares de pessoas), que vão vivendo confortavelmente nos seu coutos, quer seja como autarcas, diretores de serviço, adjuntos, acessores, consultores, "investidores de subsídios" (não falo do RSI, mas sim dos Competes, dos Portugal2020, dos PRRs desta vida), etc. A actividade profissional com mais sucesso em Portugal é mesmo a mineração de dinheiro público, e é esta dependência do estado gordo e paternalista que deve acabar, e essa está fortemente dependente do cartão do Partido (neste caso do PS que se mantém no poder à mais tempo, mas seria igual caso fosse o PSD).
    Concordam com este comentário:Carvai,MS_11,AMVP,WarrenG,N Miguel Oliveira


    Pois eu concordo com muito do que diz, particularmente quanto a necessidade produzirmos mais riqueza e também não tenho qualquer preconceito sobre os lucros das empresas, ou a riqueza seja de quem for, desde que conseguida por meios licitos. Só que isto parece-me algo lateral ao que estamos a discutir. Caso contrário teriamos de concluir que sociedades com cargas fiscais elevadas sao necessariamente pobres e pouco desenvolvidas e isso esta longe de ser assim, veja pe as sociedades escandinavas e até pode excluir a Noruega, por razões óbvias.
    Muito sincerente, nao creio que a sistematica enumeracao do que vimos de mal, acabe por resolver alguma coisa e por isso nao vou nem rebater ou acrescentar mais alguma coisa ao que ja foi mencionado.

    Como ja mencionei antes, podemos manter-nos neste registo e achar que está tudo mal, mas fazer muito pouco, ou nada, para mudar. Ou entao podemos ter uma discussão, sem preconceitos, sobre que tipo de estado queremos. Eu preferia esta segunda hipotese, mas nao sou inocente a ponto de não perceber que há muita gente a nao querer essa discussão e até entre aqueles que são dos mais criticos da actual situação.
    Isto para dizer que, ou discutimos como melhorar o que temos, ou assumimos que nao queremos nada disto e pelo contrário queremos pagar muito menos do que pagamos e assumir as consequencias disso.
    Parece que muitos dos comentários seguintes seguiram um pouco esta linha em zig zag, em que simultaneamente querem melhores servicos e menos impostos e isso sinceramente nao veja que seja possivel. Claro que, como ja mencionei, sempre se pode fazer melhor com o mesmo, mas em minha opinião essa melhoria nao altera o essencial, ou seja como é que conjugamos mais/melhores servicos e menos impostos, que parece ser o que todos pretendem.

    A generalidade dos comentários seguintes dirigiam-se ao funcionamneto do SNS. Como ja disse eu nao me importo nada de ter uma discussão descomplexada sobre o fim desse serviço, mas muito sinceramente tenho muitas duvidas que boa parte dos detratores do SNS tenham sequer a minima ideia do que implicaria a sua substituição por um sistema p.e. baseado em seguros individuais.
    Se a memória nao me atraiçoar, o custo anual do SNS andará +/- pelos 1000 euros por cada beneficiário. Ora eu gostava de saber se por esse valor todos os portugueses conseguem pagar um seguro que cubra todas eventualidades de doença ou acidente, sem ter em conta as condições de saúde de cada um. Mas mesmo que isso fosse possivel nas actuais circunstâncias, ainda há ainda outro aspecto a ter em conta: as alterações que o eventual fim do SNS teria no mercado seguardor e da saúde.
    Creio que que o melhor exemplo que temos para nos siyuarmos numa situação deste tipo será a existente nos USA que, do meu ponto de vista, esya muito longe da ideal, ou sequer a pretendida pela maioria dos portugueses.
    Como acontece muito frequentemente, os USA são simultâneamente o melhor exemplo para uns e o pior para outros. Neste caso em concreto tambem nao.fogem a regra e aliam a mais avançada investigação médica e alguns dos melhores hospitais do mundo, com uma das mais baixas taxas de acesso aos cuidados de saude do mundo desenvolvido.
    Isto ja vai longo, mas ainda sobre a dimensão do estado, muito sinceramente continuo na mesma.
    Será que é número de funcionarios?
    Nao creio porque se compararmos o numero de funcionarios publicos sobre a população activa em portugal vs a UE creio que nem chegamos a meio da tabela.

    Serão os salarios dessas pessoas que pesam damasiado face a riqueza produzida?
    Neste ponto e mais uma vez face aos nossos parceiros europeus aqui estamos ligeiramente acima da tabela, mas por motivos, a meu ver, perfeitamente compreensivos. Em Portual o estado, em geral, emprega pessoas mais qualificada do que a maioria dos restantes setores. Cerca de metade dos nossos funcionarios publicos têm no minimo qualificações ao nivel de licenciatura.

    Agora sera que essas pessoas produzem o maximo que poderiam produzir?

    Provavelmente não!
    Mas essa é já outra discussão, aquela sobre como é que otimizamos os recursos que temos, mas sem contaminar essa discussao com a outra sobre o modelo de estado que queremos.
    Misturando tudo é a receita certa para nao mudarmos nada. Acho que todos temos consciência de que esta discussao existe em Portugal desde o momento da consolidação da nossa democracia e muito sinceramente continuar a discutir estas duas questões misturando-as, provavelmente até será o mais conveniente para quem nao quer mudar nada.
  1.  # 2

    Ainda acrescentaria uma vertente que existe mas é bastante complicada de quantificar. Que é o sentimento de injustiça.

    O que acontece com tanto escalões de IRS é que provoca desmotivação. Como existe um gap ao saltar de escalão, ainda arrisco ganhar menos (líquido) depois de pedir aumento ao patrão.
    Há uma frutração e sentimento de injustiça.
    Depois tem estas noticias do moço a ganhar 4k€, ou as cambalhotas com a TAP, etc.

    O SNS é sem dúvida algo espetacular. A não ser que espere meses e meses para coisas simples. Idem para as câmaras, tribunais, etc...

    São pormenores que desmotivam e afastam investimento estrangeiro ou vontade de inovar, fazer diferente.
    Concordam com este comentário: tigoncal
  2.  # 3

    Por outro lado, concordo com o que diz, o importante é definir o que queremos, não podemos estar sempre a queixar-nos que ganhamos pouco... e queriamos ganhar como país A ou B sem verem os serviços publicos que existem nesses países.

    Veja-se o tal sistema de saude dos USA... ou o suíço. Mas depois pensamos... ora um seguro de saúde na Suíça custa uns 250-350chf (o básico)... mas são tostões comparados com os salários. Acho que ainda assim o importante é o sistema funcionar... seja ele qual for.

    Claro que é uma paz de espirito saber que em Portugal não vou pagar 700 ou 800€ por ter chamado uma ambulância, mas tampouco adianta defender um SNS com muito orgulho, quando os meus concidadãos são muito mal tratados no interior do país.
  3.  # 4

    Colocado por: AMG1os USA são simultâneamente o melhor exemplo para uns e o pior para outros


    Precisamente. Ainda podia dizer doutro modo. São os melhores numas coisas e os piores noutras.

    Muitos deles acreditam que vivem no melhor país do mundo, o mais livre, o mais seguro, o mais justo, o mais democrata, mesmo sem sê-lo.

    O nosso modo de pensar é diferente, muito mais cooperativista, mais socialista, mais solidário.

    Porém há coisas que poderiamos tentar replicar deles que não nos faria mal algum acho eu. Como por exemplo a abertura e modo de encarar a concorrência. Acho que percebem melhor que o importante é ter as coisas feitas, sendo delegando ou atalhando.
    No final, percebem que se o concorrente estiver bem, isso benificiá-lo-á também. Em Portugal tende-se a pensar o contrário. Claro que estas generalizações podem ser profundamente injustas.


    Isto para dizer que o importante é definirmos o que queremos (e pelos resultados das urnas acho que é evidente). Se pagamos impostos como na Dinamarca, o sistema tem que funcionar caramba. Se não funciona, e não conto com o SNS atempadamente, eh pá, então melhor folgar a malta nos impostos, e cada um que se amanhe.
    Concordam com este comentário: cesarl
  4.  # 5

    No final de tudo, sinceramente não consigo dizer inequivocamente quem vive melhor, se o português, o espanhol, o dinamarquês, o suíço, o norte-americano, o mexicano, o angolano, etc, etc...
    Atirar a culpa para o Estado de tudo que nos acontece não serve de muito. Em qualquer lugar poder-se-á encontar alguma felicidade, desde que haja abertura e adaptação ao "sistema".
    • AMG1
    • 11 novembro 2022

     # 6

    Colocado por: N Miguel Oliveiraseu

    Quanto ao sentimento de injustiça concordo perfeitamente consigo, mas era dificil nao existir, se temos cerca de metade dos agregados familiares sem pagar IRS, porque ganham pouco e todos conhecemos os esquemas de "eficiência fical" utilizados pelos do topo da pirâmide, esse sentimenho por parte dos que efectivamente suportam a máquina, no essencial as classes medias assalariadas, era inevitável.
    Agora uma coisa é esse sentimento outra é misturar tudo e concluir como regra o que só muito execepcionalmente pode acontecer. Os escaloes de IRS sao aplicados de forma comulativa, ou seja se eu ganhar 80k nao pago 45% (ou 46 nem sei bem) sobre esse valor. Ao meu rendimento vão sendo aplicado as varias taxas e apenas ao montante que ultrapassa a tx do ultimo escalão é que aplicada a taxa mais elevada. Neste exemplo (80k) so cerca de 5k é que efectivamente sao taxados pela taxa mais elevada. Para esge caso a tx efectiva andará aí pelos 35 ou 36%. Apesar a tx marginal andar 10p acima e a retenção poder dar ideia de que estou a pagar mais do que efetivamente estou.
    Espero que nao conclua que acho que pagamos pouco, porque não é o caso. Mas convem termos entendimentos claros do que falamos.
    Quanto à miríade de escalões ja todos percebemos que nao têm outro objectivo que nao seja angariar o maximo de receita junto dos que pagam. As facturas ja estão definidas à partida. Por isso é que eu ja defendi aqui que se deveria fazer um orçamento de base zero para cer se se percebe para onde vai o dinheiro e que resultados se alcançam, mas parece que nao perceberam e o resultados foi confundirem querer contas claras com apoio a corrupção, despesismo e até furtos, como se no SNS só houvesse isso. Enfim visões. Mas não foi o seu caso e por isso peço desculpa por utilizar esta réplica para o "desabafo".
    • AMG1
    • 11 novembro 2022

     # 7

    Colocado por: N Miguel OliveiraPor outro lado, concordo com o que diz, o importante é definir o que queremos, não podemos estar sempre a queixar-nos que ganhamos pouco... e queriamos ganhar como país A ou B sem verem os serviços publicos que existem nesses países.

    Veja-se o tal sistema de saude dos USA... ou o suíço. Mas depois pensamos... ora um seguro de saúde na Suíça custa uns 250-350chf (o básico)... mas são tostões comparados com os salários. Acho que ainda assim o importante é o sistema funcionar... seja ele qual for.

    Claro que é uma paz de espirito saber que em Portugal não vou pagar 700 ou 800€ por ter chamado uma ambulância, mas tampouco adianta defender um SNS com muito orgulho, quando os meus concidadãos são muito mal tratados no interior do país.


    Mas a questão é exatamente essa o sistema tem de funcionar. Em meu entender, no mundo desenvolvido já chegámos a um momento em que algumas coisas tem de ser assumumidas como um direito inerente a vida em sociedade, nao serao muitos esses direitos, mas o direito à saude tem de ser um deles. Claro que nao pode ser um direito abstrato para figurar na lei. Tem de existir de facto, mas simultâneamente tem de ser o acesso aquilo que podemos pagar e isso pode nao ser o que queríamos ter. O ponto, para mim, é exactamente esse, ou seja de que forma é que se consegue satisfazer de forma mais eficiente e alargada esse acesso. Olhando para o mundo, muito sincerente nao consigo encontrar melhor forma de o fazer que nao seja através de uma qualquer solução de partilha de custos, ou seja e para utilizar uma frase do meu tempo: pagarmos conforme as possibilidades de cada um e utilizar de acordo com as nossas necessidades. Isto pode parecer demasiado naif ou comunitário para o mundo de hoje, mas olhe que me foi repetido vezes sem conta pelo meu avô há já muitas décadas. Um homem que pouco saiu da sua aldeia e para quem o comunismo ou o socialismo era +/- a encarnação do diabo.
    Voltando ao SNS, creio que ja todos lhes conhecemos as inumeras fragilidades, mas do meu ponto se vista, o imporante é econtrar solução para essas fragilidades e nao colocar sistematicamente em causa o principio. Sobretudo, quando parece mais ou menos óbvio que a maioria dos nossos concidadãos nao quer prescindir dele.
    Existem vários modelos de organização e de financiamento destes serviços. Nada nos obriga a manter tudo na mesma. Podemos mudar muita coisa sem colocar em cauda a natureza solidaria do sistema. Temos trabalhos académicos muito sérios e credíveis sobre estas materias, então porque continuamos neste zig zag permanente?
    Provavelmente e como já alguém aqui mencionou serão os "grandes interesses", mas então que interesses sao esses?
    Por mim dou como certo que nao serão os interesses daqueles que não conseguiram marcar a consula a tempo e horas, ou a cirurgia de que precisam urgentemente e só têm vaga para daqui a meses.
    Claro que tambem não me passa pela cabeça que sejam os interesses de quem trabalha no SNS, senão tinha de assumir que um sem número de pessoas das mais variadas profissões se estao a aproveitar dos nossos impostos para andarem na calanzisse o que nao me parece nem sério nem justo para a maioria dessas pessoas, mas mesmo que fosse isso a culpa em última análise seria sempre dos dirigentes que o permitiam.
    Agora será que sao os interesses dos politicos, cujo objectivo último, nesta leitura, seria servirem-se em vez de nos servirem?
    Esta ultima opção até pode assentar bem a alguns, mas era profundamente injusto meter todos no mesmo saco.
    Então que interesses serão esses?
  5.  # 8

    Colocado por: AMG1um sem número de pessoas das mais variadas profissões se estao a aproveitar dos nossos impostos para andarem na calanzisse o que nao me parece nem sério nem justo para a maioria dessas pessoas, mas mesmo que fosse isso a culpa em última análise seria sempre dos dirigentes que o permitiam.


    Se você soubesse como é em tantos hospitais... médicos que lá vão "passar o dedo" e seguem para o privado, ganhando assim um salário público pelo qual pouco fazem e outro no privado, onde se esfalfam a trabalhar porque ganham "à cabeça". Não são certamente todos, mas o sistema está podre de ganância...


    Colocado por: AMG1Agora será que sao os interesses dos politicos, cujo objectivo último, nesta leitura, seria servirem-se em vez de nos servirem?


    Óbvio! Então não tínhamos um número de deputados a declararem moradas fiscais o mais longe possível quando viviam a passos do parlamento, indo assim buscar quantias absurdas em ajudas de custo? Isso é servir quem, o povo? Foi por que não sabiam, os coitadinhos?
    E já se viu algum político no desemprego depois de desempenhar cargo? Nos cargos fazem-se conhecidos, amigos, criam-se influências e, ultimamente, tachos para a vida. Podem até servir o povo enquanto lá estão, mas ultimamente estão a governar-se a eles próprios. Desengane-se quem pensa o contrário; o que os levou aos cargos políticos foi a ambição, não foi porque gostam de aparecer na TV.
    • AMG1
    • 11 novembro 2022

     # 9

    Colocado por: N Miguel Oliveira

    Precisamente. Ainda podia dizer doutro modo. São os melhores numas coisas e os piores noutras.

    Muitos deles acreditam que vivem no melhor país do mundo, o mais livre, o mais seguro, o mais justo, o mais democrata, mesmo sem sê-lo.

    O nosso modo de pensar é diferente, muito mais cooperativista, mais socialista, mais solidário.

    Porém há coisas que poderiamos tentar replicar deles que não nos faria mal algum acho eu. Como por exemplo a abertura e modo de encarar a concorrência. Acho que percebem melhor que o importante é ter as coisas feitas, sendo delegando ou atalhando.
    No final, percebem que se o concorrente estiver bem, isso benificiá-lo-á também. Em Portugal tende-se a pensar o contrário. Claro que estas generalizações podem ser profundamente injustas.


    Isto para dizer que o importante é definirmos o que queremos (e pelos resultados das urnas acho que é evidente). Se pagamos impostos como na Dinamarca, o sistema tem que funcionar caramba. Se não funciona, e não conto com o SNS atempadamente, eh pá, então melhor folgar a malta nos impostos, e cada um que se amanhe.
    Concordam com este comentário:cesarl


    Os USA são mesmo, em quase tudo, o oito e o oitenta e oito. Eu nem sequer alinho naquele coro de que sao todos cada um por si e os outros que se vão "catar". Os USA tem uma tradição filantrópica que nao tem comparação na europa e no sul então... nem por sombras. Muitos dos valores sociais que aquela gente partilha sao estao fortemente enraizados na partilha. As relações de vizinhança, a própria vivencia de comunidade tem uma dimensão muito maior do que na europa. Como diz alguém que conheço e que lá vive há muitos anos. Isto nao é mais do que a necessidade a falar mais alto. Pode ser!
    Mas é importante como rede de apoio e todos precisamos dessas redes.
    Agora, o estado de pouco conta. Cada um tem de procurar por si o suprimento das suas necessidades da melhor forma que consegue. Tradicionalmente esta necessidade tambem nao era um grande problema. Durante praticamente todo o seculo XX, a esmagadora maioria dos americanos até conseguiu ter um razoável nivel de vida e mesmo muito superior ao existente na generalidade dos paises europeus. A questão é que o mundo mudou e a inserção dos USA nesse mundo também se alterou, mas a organização interna, as instituições, nao acompanharam essa mudança e o resultado está à vista. Sao hoje uma das sociedades mais desiguais do mundo desenvolvido.
    Em Portugal parece-me que andamos sempre com o azimute trocado. Quando o USA podiam ser um bom exemplo, o que fizemos foi diabolizar tudo o que fosse americano e alguns até admiraram o que vinha da URSS, pena que agora nem todos o assumam. Agora que os USA estão muito longe de ser um exemplo que se recomende, parece que passou a ser motivo de admiração geral.
    Com isto não quero dizer que não haja alguns aspectos dignos de serem admirados e até copiados. Por exemplo na burocracia. O que nós tinhamos para aprender com eles. No pragamatismo com que enfrentam a vida. Se isto nao dá, acaba-se e parte-se para outra, nao ficamos aqui a perder tempo e a lamentar que tivemos azar enquanto o outro teve sorte. Nao sei, mas dúvido que isto sejam só reflexos de viverem num mercado muito feroz, as vezes porventura ate demasiado feroz, mas é uma boa atitude e faz andar as coisas, não é esta lamechice permanente, que sincerente as vezes me irrita profundamente. Gente com quase tudo e a lamentar-se só porque o vizinho conseguiu um poucochinho mais.

    Mas há muitos outros exemplos onde as coisas funcionam bem, sem ser nos USA, e até mais proximo de nós e um desses exemplos até pode ser o que apontou, a Dinamarca. Mas olhe que os impostos lá são ainda mais elevados do que cá (julgo que a tx mais elevada de IRS sao 60% e a minima perto de 30%. Estas taxas aplicadas a uma base imensamente maior do que a nossa, nao é preciso muito, para percebermos que com esses meios os serviços deles tem mesmo de funcionar melhor.
    Mas terem mais dinheiro nao justifica tudo. Há uma atitude muito diferente de olhar para esse dinheiro.
    Eu nao conheço tão bem os serviços dinamarqueses como conheço os suecos, mas a ideia que tenho é que nao sao substanvialmente diferentes, embora a Suécia tenham alguns problemas práticos que a Dinamarca nao tem. Por exemplo a dispersao territorial que é dramatica na Suécia, bem como o modelo de inserção dos emigrantes que pressiona demasiados os serviços públicos, sobretudo pela dimensao e caracteristicas de algumas dessas comunidades.
    O que posso dizer é que em geral, nem os dinamarqueses ou os suecos, independentemente do ponto do espectro politico em que se situam, passam a vida a por em causa esses serviços, ou seja, são principios completamente interiorizados que ninguém questiona, apesar de também haver um burburinho bastante audível quando alguma coisa é mexida, mas o principio ninguém o põe em causa. Claro que nem uns, nem outros, gostam de pagar impostos e no caso da Suécia, que conheço melhor, a tal "eficiencia fiscal" é sempre levada às ultimas consequências, mas não imagino um sueco a tentar nao cumprir a lei tributária (nem sequer o código da estrada) e muito menos a assumir isso em público.
  6.  # 10

    Colocado por: AMG1a tx marginal
    Concordam com este comentário: eu
    Estas pessoas agradeceram este comentário: eu, AMG1
    • AMG1
    • 11 novembro 2022

     # 11

    Colocado por: pcspinheiro

    Se você soubesse como é em tantos hospitais... médicos que lá vão "passar o dedo" e seguem para o privado, ganhando assim um salário público pelo qual pouco fazem e outro no privado, onde se esfalfam a trabalhar porque ganham "à cabeça". Não são certamente todos, mas o sistema está podre de ganância...




    Óbvio! Então não tínhamos um número de deputados a declararem moradas fiscais o mais longe possível quando viviam a passos do parlamento, indo assim buscar quantias absurdas em ajudas de custo? Isso é servir quem, o povo? Foi por que não sabiam, os coitadinhos?
    E já se viu algum político no desemprego depois de desempenhar cargo? Nos cargos fazem-se conhecidos, amigos, criam-se influências e, ultimamente, tachos para a vida. Podem até servir o povo enquanto lá estão, mas ultimamente estão a governar-se a eles próprios. Desengane-se quem pensa o contrário; o que os levou aos cargos políticos foi a ambição, não foi porque gostam de aparecer na TV.


    Pois pode ter razão em tudo o que diz, mas entao o qhe propõe para acabar com a calanzisse dos profissionais no SNS, acabar com ele?
    E nesse caso substitui-lo porquê?

    Nao põe a hipote mais óbvia que é exigir a punição dos infractores?

    Ha uma questão que eu gostava de colocar, quantos de nós ja reclamaram de um serviço publico pelas vias formais que temos a nossa disposição?

    Agora quanto aos politicos. No essenvial o wue diz cola-se que nem pele a alguns, mas felizmente paga nós nao sera a maioria, eu pelo menos quero acreditar nisso.

    Depois podemos sempre mudar os politicos, felizmente vivemos num sitio onde o emprego deles depende nós.

    No auge da crise economica na Islândia vi na montra de uma livraria um papel com uma frase que de óbvia, parece que já a esquecemos há muito. Era mais ou menos isto ... "se nao te envolveres na politica, não te podes queixar de ser governado por gente pior do que tu."

    Para mim é tão simples quanto isto. Se nao gostamos do estado das coisas tentamos mudar, mas para isso temos de participar.
    • RCF
    • 11 novembro 2022

     # 12

    Colocado por: AMG1Pois pode ter razão em tudo o que diz, mas entao o qhe propõe para acabar com a calanzisse dos profissionais no SNS, acabar com ele?
    E nesse caso substitui-lo porquê?

    gestão privada.
    O serviço pode continuar a ser público, mas a gestão pode ser privada. A gestão pública está falida...
    Concordam com este comentário: DuarteM
  7.  # 13

    Atenção que não disse que devemos fazer isto ou aquilo, muito menos acabar com o SNS. Estava apenas a apontar factos que, se calhar, preferia não saber. Acho imoral o que alguns médicos fazem (e não serão tão poucos quanto isso), mas a culpa é das administrações que nada fazem, pois com certeza não são cegas a sabem destas situações. Era puni-los, sim, e a doer! Mas o problema de raiz é a suposta falta de médicos, quando todos os anos se formam centenas... E o poder que a ordem dos médicos tem sobre tudo e mais alguma coisa. Obrigue-se os médicos a trabalhar com exclusividade no SNS, nem que para isso se ofereça melhor salário. Porque repare, a questão aqui é SEMPRE dinheiro! Poucos médicos tem real vocação para tratar doentes, muitos são médicos porque tem a ambição de ganhar muito dinheiro. FACTO.

    Quanto aos políticos, percebo o que diz, mas as opções atuais são melhores? Vamos para partidos de extrema liderados por Venturas? Se calhar sim, com a tracção que o Chega tem ganho...
    • eu
    • 11 novembro 2022

     # 14

    Colocado por: AMG1Depois podemos sempre mudar os politicos, felizmente vivemos num sitio onde o emprego deles depende nós.


    Apenas em teoria. Na prática, não é bem assim.
    • AMG1
    • 11 novembro 2022

     # 15

    Colocado por: ricardo.rodrigues
    Concordam com este comentário:eu
    Estas pessoas agradeceram este comentário:eu,AMG1
      Capture2.JPG


    Con segue por aqui algum grafico que evidencie a diferença entre as tx marginais e as medias?
    Obrigado
    • AMG1
    • 11 novembro 2022

     # 16

    Colocado por: pcspinheiroAtenção que não disse que devemos fazer isto ou aquilo, muito menos acabar com o SNS. Estava apenas a apontar factos que, se calhar, preferia não saber. Acho imoral o que alguns médicos fazem (e não serão tão poucos quanto isso), mas a culpa é das administrações que nada fazem, pois com certeza não são cegas a sabem destas situações. Era puni-los, sim, e a doer! Mas o problema de raiz é a suposta falta de médicos, quando todos os anos se formam centenas... E o poder que a ordem dos médicos tem sobre tudo e mais alguma coisa. Obrigue-se os médicos a trabalhar com exclusividade no SNS, nem que para isso se ofereça melhor salário. Porque repare, a questão aqui é SEMPRE dinheiro! Poucos médicos tem real vocação para tratar doentes, muitos são médicos porque tem a ambição de ganhar muito dinheiro. FACTO.

    Quanto aos políticos, percebo o que diz, mas as opções atuais são melhores? Vamos para partidos de extrema liderados por Venturas? Se calhar sim, com a tracção que o Chega tem ganho...


    Quanto a necessidade de por fim aos abusos, sejam dos profissionais ou ate de alguns utilizadores, julgo que estaremos todos de acordo. No fim do dia é o nosso dinheiro que estão a roubar. Por isso é que e importante que reclamemos e que se exponham essas situações.
    Quanto a falta de medicos, nao posso estar mais de acordo consigo. Ha muito que se deveria ter posto cobro a forma como a ordem funciona e não é só a dos medicos, veja pe a dos enfermeiros, nem se percebe se é uma ordem profissional, um sindicato, ou uma estrutura partidária. O que me espanta é como é que os enfermeiros toleram isso, talvez também diga alguma coisa sobre a forma como vêm a sua profissão e a exercem.

    Muitos dessss organismos ainda retêm tiques do corporativismo bafiento do passado. Quem deve determinar quantos cursos e alunos de medicina existem no país sao os governos que elegemos e não uns senhores cuja primeira preocupação é (compreensivelmente) manterem o seu valor de mercado, claro que muito bem embrulhado pelo superior interesse dos doentes. Por mim dispenso essa preocupação.

    Bom quanto aos politicos ainda continua a haver algumas alternativas ao Chega e sempre se podem alterar os restantes. Nao faltam exemplos de partidos que se reinventaram, assim haja quem queira participar nessa mudança. Apenas politicos exclusivamente profissionais mais tarde ou mais cedo acabam sempre enleados.
    Por mim, quando nao houver alternativa ao Ventura, ou me candidato eu ou vou pregar para outra freguesia. Há 24 anos tomei a decisão de regressar, na verdade foi uma decisao mais afectiva do que racional, mas felizmente estou sempre a tempo de a corrigir e agora até sem grande dificuldade...vantagem de pensionista. Alguma havia de haver.
    • AMG1
    • 11 novembro 2022

     # 17

    Colocado por: eu

    Apenas em teoria. Na prática, não é bem assim.


    É exatamente assim!
    A questão é que nao é só a minha vontade que conta, mas a da maioria. Essas sao as regras e para mim estão perfeitas.
    Para além de que nada me impede de, dentro do quadro legal existente, procurar mudar a opinião dos restantes e com isso conseguir o pretendido. Isto da democracia até e perfeito, nós é que complicamos. Os mecanismos de medição que existem entre nos ( eleitores) e eles (eleitos), no fim do dia, só têm o valor e relevancia que lhes atribuirmos.
    Eu sei que isto soa a algum romantismo, mas o que seria a vida sem isso?
  8.  # 18

    Colocado por: AMG1Eu sei que isto soa a algum romantismo


    Mas só um bocadinho...

    Enquanto isso:

    https://www.jn.pt/nacional/governo-gastou-21-mil-euros-para-comprar-uma-mesa-e-24-cadeiras-15343914.html?target=conteudo_fechado
  9.  # 19

    Colocado por: AMG1Os USA são mesmo, em quase tudo, o oito e o oitenta e oito.


    Exactamente. Saude e Educação pública não existe, ao passo que têm os maiores génios, as melhores universidades, os melhores cientistas, dos melhores hospitais...
    O problema deles é que sem dinheiro para pagar o que esses serviços cobram não há mais nada.

    O que sempre achei é que deveria haver 3 pilares tendencialmente gratuitos em Portugal, Saúde, Educação e Justiça. Mas tem que funcionar caramba, e deveriam ter um custo simbólico, para que lhe dessemos um minimo de valor. Tudo o resto, ou quase, poderia ser prestado pelos privados, numa lógica empresarial e menos relacionada aos serviços "que o Estado deve dar".

    Eu se quero trabalhar numa sede que está em Lisboa, sei de antemão que terei que lá viver, terei que ganhar o suficiente para pagar casa e viagens para visitar a terrinha. E viver com a decisão que tomei.
    Eu não entendo a razão dum politico ter ajudas de custo por declarar que é de Ponta Delgada por exemplo...
    Idem para o Francisco Assis quanto justificou a compra que brutos carros para a frota do Estado: "mas quê, quer que ande de Clio?"

    Claro que isso no final são peanuts, mas são os casos que vêm à tona por serem mediaticos, imagine o resto.

    Alguém consegue explicar como é que uma Câmara cobra 3, 4k€ em taxas para aprovar um Licenciamento? E castigar este ou aquele em função da área, ou se tem mais ou menos muros?

    Aqui há dias alguém deixou o cliché do: "não perguntes o que o país pode fazer por ti, mas o que podes tu fazer pelo país".
    Nos USA, este cliché já mudou, e agora é:
    "não perguntes o que o país pode fazer por ti, mas o que podes tu fazer por ti".
    E têm alguma lógica. No fundo, se o individuo estiver bem e satisfeito com a vida que tem, todos estarão melhor também pela inércia positivista e filantrópica que têm e mencionou antes.

    É super interessante, que apesar do individualismo e capitalismo feroz que podem ter, deixam (quase) sempre 20% de proprina ao ir ao restaurante, ao barbeiro, ao...
    Coisa dificil dum português compreender.
    Em Portugal também existe esse sentimento de injustiça pois acredita-se que quanto mais dinheiro público estiver à disposição, maior gamanço haverá.
  10.  # 20

    Colocado por: pcspinheiroAcho imoral o que alguns médicos fazem (e não serão tão poucos quanto isso), mas a culpa é das administrações que nada fazem, pois com certeza não são cegas a sabem destas situações.


    Dado que existe controlo de registo biométrico em praticamente todos os hospitais / centros de saúde do SNS é mais que óbvio que as administrações sabem quem são os prevaricadores. Mas já não são assim tantos como no passado. O problema é que nos últimos anos começámos a ter médicos em registo "quiet quitting" ou "modo empregado fabril"...

    Colocado por: pcspinheiroMas o problema de raiz é a suposta falta de médicos, quando todos os anos se formam centenas...

    Já são mais de 2000 por ano a terminar o curso. Claro que depois ainde têm a Formação Geral e a Formação Especifica. Mas já são medicos, porém indiferenciados

    Colocado por: pcspinheiroObrigue-se os médicos a trabalhar com exclusividade no SNS, nem que para isso se ofereça melhor salário.


    Ainda concordo com a exclusividade "forçada" durante a Formação Especifica mas não após o ser término. Sou 100% a favor de exclusividade paga/majorada.

    O problema do SNS são os baixos salários base. Pouco mais de 8€/h liquidos não é aliciante para ninguém.
    Já se deram conta pq é que os problemas das urgências do SNS que abriam telejornais no Verão agora deixaram de ser noticia? Quando se paga bem aparece logo gente interessada.
    Até aparecem médicos que sairam do SNS para ir para o privado e que agora regressam só para fazerem as urgências com valor hora majorado.

    Mas como o ministro nas ultimas reuniões com os sindicatos já deixou claro que o Governo não pretende renovar o programa de incentivos às horas extra em Janeiro podem ter a certeza que assim que os médicos atingirem as 150h extra (que em alguns sitios chega a ser logo em Fevereiro / Março) vamos começar a ter outra vez o drama das urgências a fechar.
 
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