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  1.  # 1

    https://corta-fitas.blogs.sapo.pt/o-sol-e-a-furia-6899333
    Aviso: eu não percebo nada disto e vou apenas contar uma história alternativa sobre a covid19.
    Michael Levitt, ainda em Janeiro, quando toda a informação sobre o surto da covid19 era que não havia grande informação, disse, escreveu, deu entrevistas, a explicar um facto base e bem conhecido da epidemiologia: a velocidade de alastramento de uma epidemia decai rapidamente porque o número de pessoas contagiadas por cada infectado decai rapidamente. Não sei se disse, mas acrescento, isto é especialmente verdade para as infecções que se relacionam com as doenças pulmonares, que têm um percurso longo entre os pulmões dos infectados e os pulmões dos infectáveis. Contagiar alguém implica que saiam milhões de vírus dos meus pulmões, se depositem em algum lado, que alguém toque nessa superfície e que leve a mão à boca, olhos ou nariz, antes de as ter lavado, diminuindo brutalmente o número de vírus activos em cada um desses processos. O que tem consequências diferentes de infecções, como a varicela, em que os milhões de vírus que estão em qualquer secreção estão potencialmente disponíveis para infectar directamente através da pele, sem todos os saltos referidos atrás.
    Por um lado, como ele explicitamente refere, as nossas bolhas sociais são bastante sobreponíveis - se eu for o paciente zero, numa população que nunca contactou com a doença, a minha capacidade de contágio no primeiro dia é enorme, mas no segundo a larga maioria das pessoas com que contacto já contactei no dia anterior e assim sucessivamente, quer para mim, quer para os que eu infectar, cuja bolha social é, em grande parte, sobreponível à minha.
    Por outro lado, digo eu por interposta pessoa, o esforço do vírus para encontrar um hospedeiro é crescente.
    Se nesse primeiro dia eu tiver uma reunião em que faço um longo discurso e depositar no tampo da mesa (num raio de metro e meio) milhões de vírus que têm capacidade para infectar pessoas durante três dias, e eu for o paciente zero, todas as outras pessoas que tocarem nessa parte da mesa são hospedeiros potenciais para o vírus e, se a mesa for muito usada, o mais provável é infectar alguém.
    Mas à medida que há mais gente infectada, portanto, não infectável, a probabilidade do vírus infectar alguém nesses três dias decai rapidamente porque mesmo que chegue aos pulmões dos que já foram infectados, deixa de estar activo porque é anulado pelos anti-corpos, ou seja, o vírus entra num beco sem saída. (não, não é preciso esperar por ter 60 a 70% da população infectada para que isto aconteça, é uma evolução progressiva).
    Foi este processo, e não a ditadura chinesa, que parou o alastramento da epidemia na China, na Coreia e na Itália (para os que estranharem, a mortalidade na Itália tem hoje uma sólida tendência decrescente, o que significa que há uma semana atrás a infecção iniciou também uma sólida descida).

    Mas há um outro facto conhecido, ainda não totalmente demonstrado para este vírus em concreto, mas conhecido para os seus primos coronavírus, que é a capacidade dos raios ultravioletas reduzirem muito a actividade viral (não é tanto o calor, são mesmo os raios ultra-violetas, tal como os factores críticos para os fogos são a secura e o vento e não as temperaturas, malditas correlações estatísticas).
    Por essa razão, a actividade dos vírus associados às doenças pulmonares tende a reduzir-se com a progressão da Primavera e aí pelo princípio de Maio está, normalmente, em níveis tão baixos que os surtos gripais morrem nessa altura.
    Ou seja, se a tal mesa de que falei estivesse ao sol, provavelmente o tempo de actividade do vírus era tão pequeno que eu nem sequer iria infectar ninguém ou, pelo menos, a probabilidade era muito mais baixa, logo a velocidade de propagação também.
    É provavelmente isto que irá dar a Portugal uma epidemia menos agressiva, por ter começado mais tarde no ano, numa altura em que os ultravioletas já estão a subir, e é isto que irá derrotar o vírus na Europa e Estados Unidos durante este mês que agora começa, por mais que a meio de Maio, o mais tardar, Trump venha reivindicar para si o que a ditadura chinesa reivindicou antes: a grande vitória sobre o vírus.
    Tudo isto é conhecido da epidemiologia.

    Tudo isto foi posto de lado na decisão política, substituído por modelos matemáticos que deram uma aparência de solidez à abundância de correlações estatísticas usadas para contar a história dominante em que assenta a exigência das opiniões públicas por medidas desastrosas e radicais para obter o que se pode obter sem mexer uma palha: o controlo da epidemia. Não me parece razoável tomar decisões radicais com base nesta história alternativa, por demonstrar, o que me pareceria razoável era ter ponderado todas as hipóteses antes de avançar à bruta para a destruição da economia.
    Não está em causa a necessidade de medidas de contenção social para minimizar os riscos, de maneira nenhuma. No exemplo que dei, no decurso de um surto é perfeitamente razoável e racional que se reduzam as reuniões presenciais para diminuir a probabilidade de contágio porque os benefícios podem ser relevantes, e os custos são marginais. Pela mesma ordem de ideias é razoável evitar aglomerações de pessoas, em especial as que alargam as nossas bolhas sociais: é muito mais provável ter pessoas com quem nunca mais me cruzo num festival de música, numa missa, numa manifestação ou num estádio de futebol, que nas minhas actividades do dia a dia.

    Algumas pessoas têm contestado o fecho de escolas, sobretudo em surtos que não representam risco para as crianças, porque isso implica dificuldades acrescidas para o pessoal de saúde, de emergência e etc., que tendem a diminuir a capacidade de resposta e a aumentar o contacto entre as crianças e os avós que, neste caso, estão frequentemente nos grupos de risco.

    E, com certeza, é preciso um esforço sério de protecção dos grupos de risco, que implica contenção social mais rigorosa para estes grupos.

    Interessa-me fazer realçar a diferença entre medidas de contenção social que contribuem para o alargamento das bolhas sociais quotidianas e as medidas de contenção social que desestruturam o "viver como habitualmente", que nos deveria levar a ponderar seriamente cada medida por si, os seus impactos na epidemia e os seus efeitos secundários, em vez de decidir como decidimos (e fomos nós, opinião pública, que decidimos, espero a seu tempo falar do papel da imprensa nesta gestão desastrosa da epidemia).

    No momento em que escrevo, esta epidemia terá morto cerca de 50 mil pessoas, das quais metade a dois terços morreriam provavelmente até ao fim do ano, dada a fragilidade da sua condição física e idade, o que devemos comparar com os 56 milhões de mortos anuais provocados pela fome, para ter uma perspectiva do que podem ser as consequências das medidas brutais que temos estado a tomar (o Banco Mundial falava, nestes dias, de mais 11 milhões de pessoas que passavam a estar abaixo da linha de pobreza só da Ásia e Pacífico, claro que tenho sobre estas previsões a mesma posição que sobre quaisquer outras, isto é, devem ser vistas com cautela, mas o risco de haver milhões de pessoas a passar muito mal nos próximos meses é, parece-me, inquestionável).

    Assim sendo informo que a próxima pessoa que me vier com a superioridade moral de contestar as minhas opiniões com a conversa de que sou um darwinista social que ponho a economia acima da vida das pessoas se arrisca seriamente a levar um murro.
    Concordam com este comentário: hangas, CMartin, J.Fernandes, Ruipsm
    Estas pessoas agradeceram este comentário: NTORION, Luis Santos Duarte, ricardo.rodrigues
  2.  # 2

    Colocado por: JoelM

    Vão andar a trás deles depois para os prender se novo? 🤣
    Concordam com este comentário:Luis Santos Duarte


    Pelo que percebi a pena irá ser perdoada a pessoas com factores de risco (ex. idade) e a outros em fim de pena.

    Desde que não libertem a Rosa Grilo. lol
  3.  # 3

    Colocado por: luisvvhttps://corta-fitas.blogs.sapo.pt/o-sol-e-a-furia-6899333
    Aviso: eu não percebo nada disto e vou apenas contar uma história alternativa sobre a covid19.
    Michael Levitt, ainda em Janeiro, quando toda a informação sobre o surto da covid19 era que não havia grande informação, disse, escreveu, deu entrevistas, a explicar um facto base e bem conhecido da epidemiologia: a velocidade de alastramento de uma epidemia decai rapidamente porque o número de pessoas contagiadas por cada infectado decai rapidamente. Não sei se disse, mas acrescento, isto é especialmente verdade para as infecções que se relacionam com as doenças pulmonares, que têm um percurso longo entre os pulmões dos infectados e os pulmões dos infectáveis. Contagiar alguém implica que saiam milhões de vírus dos meus pulmões, se depositem em algum lado, que alguém toque nessa superfície e que leve a mão à boca, olhos ou nariz, antes de as ter lavado, diminuindo brutalmente o número de vírus activos em cada um desses processos. O que tem consequências diferentes de infecções, como a varicela, em que os milhões de vírus que estão em qualquer secreção estão potencialmente disponíveis para infectar directamente através da pele, sem todos os saltos referidos atrás.
    Por um lado, como ele explicitamente refere, as nossas bolhas sociais são bastante sobreponíveis - se eu for o paciente zero, numa população que nunca contactou com a doença, a minha capacidade de contágio no primeiro dia é enorme, mas no segundo a larga maioria das pessoas com que contacto já contactei no dia anterior e assim sucessivamente, quer para mim, quer para os que eu infectar, cuja bolha social é, em grande parte, sobreponível à minha.
    Por outro lado, digo eu por interposta pessoa, o esforço do vírus para encontrar um hospedeiro é crescente.
    Se nesse primeiro dia eu tiver uma reunião em que faço um longo discurso e depositar no tampo da mesa (num raio de metro e meio) milhões de vírus que têm capacidade para infectar pessoas durante três dias, e eu for o paciente zero, todas as outras pessoas que tocarem nessa parte da mesa são hospedeiros potenciais para o vírus e, se a mesa for muito usada, o mais provável é infectar alguém.
    Mas à medida que há mais gente infectada, portanto, não infectável, a probabilidade do vírus infectar alguém nesses três dias decai rapidamente porque mesmo que chegue aos pulmões dos que já foram infectados, deixa de estar activo porque é anulado pelos anti-corpos, ou seja, o vírus entra num beco sem saída. (não, não é preciso esperar por ter 60 a 70% da população infectada para que isto aconteça, é uma evolução progressiva).
    Foi este processo, e não a ditadura chinesa, que parou o alastramento da epidemia na China, na Coreia e na Itália (para os que estranharem, a mortalidade na Itália tem hoje uma sólida tendência decrescente, o que significa que há uma semana atrás a infecção iniciou também uma sólida descida).

    Mas há umoutro facto conhecido, ainda não totalmente demonstrado para este vírus em concreto, mas conhecido para os seus primos coronavírus, que é a capacidade dos raios ultravioletas reduzirem muito a actividade viral (não é tanto o calor, são mesmo os raios ultra-violetas,tal como os factores críticos para os fogos são a secura e o vento e não as temperaturas, malditas correlações estatísticas).
    Por essa razão, a actividade dos vírus associados às doenças pulmonares tende a reduzir-se com a progressão da Primavera e aí pelo princípio de Maio está, normalmente, em níveis tão baixos que os surtos gripais morrem nessa altura.
    Ou seja, se a tal mesa de que falei estivesse ao sol, provavelmente o tempo de actividade do vírus era tão pequeno que eu nem sequer iria infectar ninguém ou, pelo menos, a probabilidade era muito mais baixa, logo a velocidade de propagação também.
    É provavelmente isto que irá dar a Portugal uma epidemia menos agressiva, por ter começado mais tarde no ano, numa altura em que os ultravioletas já estão a subir, e é isto que irá derrotar o vírus na Europa e Estados Unidos durante este mês que agora começa, por mais que a meio de Maio, o mais tardar, Trump venha reivindicar para si o que a ditadura chinesa reivindicou antes: a grande vitória sobre o vírus.
    Tudo isto é conhecido da epidemiologia.

    Tudo isto foi posto de lado na decisão política, substituído por modelos matemáticos que deram uma aparência de solidez à abundância de correlações estatísticas usadas para contar a história dominante em que assenta a exigência das opiniões públicas por medidas desastrosas e radicais para obter o que se pode obter sem mexer uma palha: o controlo da epidemia. Não me parece razoável tomar decisões radicais com base nesta história alternativa, por demonstrar, o que me pareceria razoável era ter ponderado todas as hipóteses antes de avançar à bruta para a destruição da economia.
    Não está em causa a necessidade de medidas de contenção social para minimizar os riscos, de maneira nenhuma. No exemplo que dei, no decurso de um surto é perfeitamente razoável e racional que se reduzam as reuniões presenciais para diminuir a probabilidade de contágio porque os benefícios podem ser relevantes, e os custos são marginais. Pela mesma ordem de ideias é razoável evitar aglomerações de pessoas, em especial as que alargam as nossas bolhas sociais: é muito mais provável ter pessoas com quem nunca mais me cruzo num festival de música, numa missa, numa manifestação ou num estádio de futebol, que nas minhas actividades do dia a dia.

    Algumas pessoas têm contestado o fecho de escolas, sobretudo em surtos que não representam risco para as crianças, porque isso implica dificuldades acrescidas para o pessoal de saúde, de emergência e etc., que tendem a diminuir a capacidade de resposta e a aumentar o contacto entre as crianças e os avós que, neste caso, estão frequentemente nos grupos de risco.

    E, com certeza, é preciso um esforço sério de protecção dos grupos de risco, que implica contenção social mais rigorosa para estes grupos.

    Interessa-me fazer realçar a diferença entre medidas de contenção social que contribuem para o alargamento das bolhas sociais quotidianas e as medidas de contenção social que desestruturam o "viver como habitualmente",que nos deveria levar a ponderar seriamente cada medida por si, os seus impactos na epidemia e os seus efeitos secundários, em vez de decidir como decidimos (e fomos nós, opinião pública, que decidimos, espero a seu tempo falar do papel da imprensa nesta gestão desastrosa da epidemia).

    No momento em que escrevo, esta epidemia terá morto cerca de 50 mil pessoas, das quais metade a dois terços morreriam provavelmente até ao fim do ano, dada a fragilidade da sua condição física e idade, o que devemos comparar com os 56 milhões de mortos anuais provocados pela fome, para ter uma perspectiva do que podem ser as consequências das medidas brutais que temos estado a tomar (o Banco Mundial falava, nestes dias, de mais 11 milhões de pessoas que passavam a estar abaixo da linha de pobreza só da Ásia e Pacífico,claro que tenho sobre estas previsões a mesma posição que sobre quaisquer outras, isto é, devem ser vistas com cautela, maso risco de haver milhões de pessoas a passar muito mal nos próximos meses é, parece-me, inquestionável).

    Assim sendo informo que a próxima pessoa que me vier com a superioridade moral de contestar as minhas opiniões com a conversa de que sou um darwinista social que ponho a economia acima da vida das pessoas se arrisca seriamente a levar um murro.
    Concordam com este comentário:hangas
    Estas pessoas agradeceram este comentário:Luis Santos Duarte


    A verdade é que ninguém e nenhum país, e a meu ver bem, está disposto a aceitar uma taxa de mortalidade de 1,5 a 2% no espaço de dois meses. Imagine-se que agora o Costa dizia em abril e maio vão morrer 150 mil a 200mil portugueses mas em junho todos podemos ir festejar os santos populares à vontade. quem é que aceitaria?
    Matematicamente o impacto do vírus é irrisório.. e é essa a verdade desse texto, só que a vida não é só matemática. Em Itália "só" morreram 12mil pessoas e veja-se o impacto que está a ter ao nível social e humano
    Concordam com este comentário: Anonimo1710, eu
  4.  # 4

    Colocado por: ptuga

    A verdade é que ninguém e nenhum país, e a meu ver bem, está disposto a aceitar uma taxa de mortalidade de 1,5 a 2% no espaço de dois meses. Imagine-se que agora o Costa dizia em abril e maio vão morrer 150 mil a 200mil portugueses mas em junho todos podemos ir festejar os santos populares à vontade. quem é que aceitaria?
    Matematicamente o impacto do vírus é irrisório.. e é essa a verdade desse texto, só que a vida não é só matemática. Em Itália "só" morreram 12mil pessoas e veja-se o impacto que está a ter ao nível social e humano
    Concordam com este comentário:JoelM


    Uma coisa é o Costa outra coisa é a China , que tinha a obrigação de dizer a verdade ao mundo .
    Concordam com este comentário: CMartin
  5.  # 5

    Colocado por: montecristoc11

    Uma coisa é o Costa outra coisa é a China , que tinha a obrigação de dizer a verdade ao mundo .


    Essa é uma história para ser contada num programa do National Geographic algures em 2030. A verdade é que não se sabe se houve embuste, se este foi pequeno ou grande. É algo que só com o passar do tempo e com o distanciamento se poderá aferir.
  6.  # 6

    Colocado por: luisvvhttps://corta-fitas.blogs.sapo.pt/o-sol-e-a-furia-6899333
    Aviso: eu não percebo nada disto e vou apenas contar uma história alternativa sobre a covid19.
    Michael Levitt, ainda em Janeiro, quando toda a informação sobre o surto da covid19 era que não havia grande informação, disse, escreveu, deu entrevistas, a explicar um facto base e bem conhecido da epidemiologia: a velocidade de alastramento de uma epidemia decai rapidamente porque o número de pessoas contagiadas por cada infectado decai rapidamente. Não sei se disse, mas acrescento, isto é especialmente verdade para as infecções que se relacionam com as doenças pulmonares, que têm um percurso longo entre os pulmões dos infectados e os pulmões dos infectáveis. Contagiar alguém implica que saiam milhões de vírus dos meus pulmões, se depositem em algum lado, que alguém toque nessa superfície e que leve a mão à boca, olhos ou nariz, antes de as ter lavado, diminuindo brutalmente o número de vírus activos em cada um desses processos. O que tem consequências diferentes de infecções, como a varicela, em que os milhões de vírus que estão em qualquer secreção estão potencialmente disponíveis para infectar directamente através da pele, sem todos os saltos referidos atrás.
    Por um lado, como ele explicitamente refere, as nossas bolhas sociais são bastante sobreponíveis - se eu for o paciente zero, numa população que nunca contactou com a doença, a minha capacidade de contágio no primeiro dia é enorme, mas no segundo a larga maioria das pessoas com que contacto já contactei no dia anterior e assim sucessivamente, quer para mim, quer para os que eu infectar, cuja bolha social é, em grande parte, sobreponível à minha.
    Por outro lado, digo eu por interposta pessoa, o esforço do vírus para encontrar um hospedeiro é crescente.
    Se nesse primeiro dia eu tiver uma reunião em que faço um longo discurso e depositar no tampo da mesa (num raio de metro e meio) milhões de vírus que têm capacidade para infectar pessoas durante três dias, e eu for o paciente zero, todas as outras pessoas que tocarem nessa parte da mesa são hospedeiros potenciais para o vírus e, se a mesa for muito usada, o mais provável é infectar alguém.
    Mas à medida que há mais gente infectada, portanto, não infectável, a probabilidade do vírus infectar alguém nesses três dias decai rapidamente porque mesmo que chegue aos pulmões dos que já foram infectados, deixa de estar activo porque é anulado pelos anti-corpos, ou seja, o vírus entra num beco sem saída. (não, não é preciso esperar por ter 60 a 70% da população infectada para que isto aconteça, é uma evolução progressiva).
    Foi este processo, e não a ditadura chinesa, que parou o alastramento da epidemia na China, na Coreia e na Itália (para os que estranharem, a mortalidade na Itália tem hoje uma sólida tendência decrescente, o que significa que há uma semana atrás a infecção iniciou também uma sólida descida).

    Mas há umoutro facto conhecido, ainda não totalmente demonstrado para este vírus em concreto, mas conhecido para os seus primos coronavírus, que é a capacidade dos raios ultravioletas reduzirem muito a actividade viral (não é tanto o calor, são mesmo os raios ultra-violetas,tal como os factores críticos para os fogos são a secura e o vento e não as temperaturas, malditas correlações estatísticas).
    Por essa razão, a actividade dos vírus associados às doenças pulmonares tende a reduzir-se com a progressão da Primavera e aí pelo princípio de Maio está, normalmente, em níveis tão baixos que os surtos gripais morrem nessa altura.
    Ou seja, se a tal mesa de que falei estivesse ao sol, provavelmente o tempo de actividade do vírus era tão pequeno que eu nem sequer iria infectar ninguém ou, pelo menos, a probabilidade era muito mais baixa, logo a velocidade de propagação também.
    É provavelmente isto que irá dar a Portugal uma epidemia menos agressiva, por ter começado mais tarde no ano, numa altura em que os ultravioletas já estão a subir, e é isto que irá derrotar o vírus na Europa e Estados Unidos durante este mês que agora começa, por mais que a meio de Maio, o mais tardar, Trump venha reivindicar para si o que a ditadura chinesa reivindicou antes: a grande vitória sobre o vírus.
    Tudo isto é conhecido da epidemiologia.

    Tudo isto foi posto de lado na decisão política, substituído por modelos matemáticos que deram uma aparência de solidez à abundância de correlações estatísticas usadas para contar a história dominante em que assenta a exigência das opiniões públicas por medidas desastrosas e radicais para obter o que se pode obter sem mexer uma palha: o controlo da epidemia. Não me parece razoável tomar decisões radicais com base nesta história alternativa, por demonstrar, o que me pareceria razoável era ter ponderado todas as hipóteses antes de avançar à bruta para a destruição da economia.
    Não está em causa a necessidade de medidas de contenção social para minimizar os riscos, de maneira nenhuma. No exemplo que dei, no decurso de um surto é perfeitamente razoável e racional que se reduzam as reuniões presenciais para diminuir a probabilidade de contágio porque os benefícios podem ser relevantes, e os custos são marginais. Pela mesma ordem de ideias é razoável evitar aglomerações de pessoas, em especial as que alargam as nossas bolhas sociais: é muito mais provável ter pessoas com quem nunca mais me cruzo num festival de música, numa missa, numa manifestação ou num estádio de futebol, que nas minhas actividades do dia a dia.

    Algumas pessoas têm contestado o fecho de escolas, sobretudo em surtos que não representam risco para as crianças, porque isso implica dificuldades acrescidas para o pessoal de saúde, de emergência e etc., que tendem a diminuir a capacidade de resposta e a aumentar o contacto entre as crianças e os avós que, neste caso, estão frequentemente nos grupos de risco.

    E, com certeza, é preciso um esforço sério de protecção dos grupos de risco, que implica contenção social mais rigorosa para estes grupos.

    Interessa-me fazer realçar a diferença entre medidas de contenção social que contribuem para o alargamento das bolhas sociais quotidianas e as medidas de contenção social que desestruturam o "viver como habitualmente",que nos deveria levar a ponderar seriamente cada medida por si, os seus impactos na epidemia e os seus efeitos secundários, em vez de decidir como decidimos (e fomos nós, opinião pública, que decidimos, espero a seu tempo falar do papel da imprensa nesta gestão desastrosa da epidemia).

    No momento em que escrevo, esta epidemia terá morto cerca de 50 mil pessoas, das quais metade a dois terços morreriam provavelmente até ao fim do ano, dada a fragilidade da sua condição física e idade, o que devemos comparar com os 56 milhões de mortos anuais provocados pela fome, para ter uma perspectiva do que podem ser as consequências das medidas brutais que temos estado a tomar (o Banco Mundial falava, nestes dias, de mais 11 milhões de pessoas que passavam a estar abaixo da linha de pobreza só da Ásia e Pacífico,claro que tenho sobre estas previsões a mesma posição que sobre quaisquer outras, isto é, devem ser vistas com cautela, maso risco de haver milhões de pessoas a passar muito mal nos próximos meses é, parece-me, inquestionável).

    Assim sendo informo que a próxima pessoa que me vier com a superioridade moral de contestar as minhas opiniões com a conversa de que sou um darwinista social que ponho a economia acima da vida das pessoas se arrisca seriamente a levar um murro.
    Concordam com este comentário:hangas
    Estas pessoas agradeceram este comentário:NTORION,Luis Santos Duarte


    E espero sinceramente que tenha razão...

    Mas, e por essa ordem de ideias, então, o que nos tem tb ajudado é o clima, pq tivemos no mês de março verdadeiros dias de primavera, com temperatura acima dos 20ºc e até em fevereiro (semana antes do carnaval) isso aconteceu. E já agora podemos reduzir o confinamento social apenas aos dias com temperaturas abaixo do 25ºc :)

    Já agora, alguém viu as noticias sobre os USA hj? Então já não têm medicamentos nem equipamentos? Estão a ter casos criticos em pessoas jovens e sem comorbilidades?

    E por cá, repararam que disparou o número de internados?
  7.  # 7

    Colocado por: luisvv
    https://corta-fitas.blogs.sapo.pt/o-sol-e-a-furia-6899333
    Aviso: eu não percebo nada disto e vou apenas contar uma história alternativa sobre a covid19.
    Michael Levitt, ainda em Janeiro, quando toda a informação sobre o surto da covid19 era que não havia grande informação, disse, escreveu, deu entrevistas, a explicar um facto base e bem

    Há de facto esta visão, não só da parte de Michael Levitt, mas entre outros da comunidade científica. Houve um cientista que inclusivamente escreveu uma carta aberta, recentemente (há dias) a Ângela Merckle a expor exactamente os dados factuais (apenas não se menciona ultra violetas) que o luisvv e bem refere.
    Talvez, também como refere, foi a pressão pública, induzida pelos Média, que conduziram os governos respectivos a terem medo de não agirem desta forma, seria afinal uma responsabilidade muito grande se não o fizessem, e daí viesse mais danos.
    E por isso, também, em simultâneo, nem façam questão que usemos máscaras, porque seriam marginais num vírus que, como os outros, vão perdendo a força de contágio naturalmente conforme progridem. Enfim. Pode ter sido ou vir a ser um desastre económico escusado. Mas também poderia ter sido a Gripe Espanhola. Talvez tenham preferido não arriscar.
  8.  # 8

    Colocado por: ptuga

    A verdade é que ninguém e nenhum país, e a meu ver bem, está disposto a aceitar uma taxa de mortalidade de 1,5 a 2% no espaço de dois meses. Imagine-se que agora o Costa dizia em abril e maio vão morrer 150 mil a 200mil portugueses mas em junho todos podemos ir festejar os santos populares à vontade. quem é que aceitaria?
    Matematicamente o impacto do vírus é irrisório.. e é essa a verdade desse texto, só que a vida não é só matemática. Em Itália "só" morreram 12mil pessoas e veja-se o impacto que está a ter ao nível social e humano
    Concordam com este comentário:JoelM


    Olhe que aceitaria mais gente do que está a pensar!
    Estas pessoas agradeceram este comentário: ricardo.rodrigues
  9.  # 9

    Mas há de facto quem diga que foi pânico instalado pelos Média.
  10.  # 10

    Colocado por: JoelM

    Aceitam enquanto é longe de casa... Quando começa a ser o vizinho a tombar... Um familiar... Quando começam a ver camiões frigorífico à porta da morgue da cidade (como aconteceu na Guarda) por falta de espaço, aceitam o tanas... É tudo muito bonito mas é quando é longe da vista e longe do coração!


    Claro que sim.
    Quando hoje na empresa, disse aos meus colegas que tinham sido + 22 mortos, adivinhe lá qual foi a resposta que levei?
  11.  # 11

    Colocado por: ptuga

    Essa é uma história para ser contada num programa do National Geographic algures em 2030. A verdade é que não se sabe se houve embuste, se este foi pequeno ou grande. É algo que só com o passar do tempo e com o distanciamento se poderá aferir.


    Acha que é ? Ou sera que os países não tem dados , nem informação ?
  12.  # 12

  13.  # 13

    Está incompleto.
      corona.jpg
    • eu
    • 2 abril 2020

     # 14

    Colocado por: CMartinPode ter sido ou vir a ser um desastre económico escusado. Mas também poderia ter sido a Gripe Espanhola. Talvez tenham preferido não arriscar.


    Eu também sou de opinião que, sendo um vírus novo com efeitos relativamente desconhecidos, a maior parte dos Países preferiu jogar pelo seguro.

    Não só por causa do eventual número de mortos, mas principalmente por causa dos custos políticos. Vejam a forma como o Bolsonaro, o Trump e o Boris foram torrados pela opinião pública. O primeiro a ver que podia perder popularidade foi o Boris, que rapidamente abandonou a estratégia inicial.

    Agora, até o Trump e o Bolsonaro mudaram o discurso.
    Concordam com este comentário: CMartin
    Estas pessoas agradeceram este comentário: Quilleute
  14.  # 15

    COVID-19
    Concordam com este comentário: eu, luisvv
      Screenshot_20200402-143927-01.jpeg
    • eu
    • 2 abril 2020 editado

     # 16

    Colocado por: JoelMEh pah, esse jornalista merece um prémio... Como noutros países, as mesmas medidas não se chamam estado de emergência, já não contam para a estatística! 😂😂


    O artigo analisa também o número de dias até fechar as escolas, até fechar centros comerciais, até fechar serviços públicos, até implementar teletrabalho, até limitar a circulação e até encerrar fronteiras.

    Portanto, ou o Joel não leu o artigo completo (acredito que tenha sido isto) ou então está mesmo de má fé.

    De qualquer forma, o mérito não é todo do governo, nós tivemos a sorte de o surto começar aqui muito mais tarde e na altura já sabíamos o que poderia acontecer, pelo exemplo de Itália.
  15.  # 17

    Colocado por: ptuga

    A verdade é que ninguém e nenhum país, e a meu ver bem, está disposto a aceitar uma taxa de mortalidade de 1,5 a 2% no espaço de dois meses. Imagine-se que agora o Costa dizia em abril e maio vão morrer 150 mil a 200mil portugueses mas em junho todos podemos ir festejar os santos populares à vontade. quem é que aceitaria?
    Matematicamente o impacto do vírus é irrisório.. e é essa a verdade desse texto, só que a vida não é só matemática. Em Itália "só" morreram 12mil pessoas e veja-se o impacto que está a ter ao nível social e humano
    Concordam com este comentário:JoelM,eu

    O problema é que não morriam só essas pessoas com o SNS a implodir com tanta gente a precisar de UCI. Podiam chegar a quase 1 Milhão nessas condições...
  16.  # 18

    What New York Looked Like During the 1918 Flu Pandemic

    The Spanish flu raced through crowded tenements and neighborhoods, killing more than 20,000 New Yorkers. But it could have been much worse.


    https://www.nytimes.com/2020/04/02/nyregion/spanish-flu-nyc-virus.html?algo=top_conversion&fellback=false&imp_id=127251811&imp_id=301118939&action=click&module=Most%20Popular&pgtype=Homepage
  17.  # 19

    Colocado por: ptuga

    A verdade é que ninguém e nenhum país, e a meu ver bem, está disposto a aceitar uma taxa de mortalidade de 1,5 a 2% no espaço de dois meses. Imagine-se que agora o Costa dizia em abril e maio vão morrer 150 mil a 200mil portugueses mas em junho todos podemos ir festejar os santos populares à vontade. quem é que aceitaria?
    Matematicamente o impacto do vírus é irrisório.. e é essa a verdade desse texto, só que a vida não é só matemática. Em Itália "só" morreram 12mil pessoas e veja-se o impacto que está a ter ao nível social e humano
    Concordam com este comentário:JoelM,eu


    Sempre disse neste tópico que as medidas de contenção social, vão matar mais pessoas no mundo que o próprio vírus!
    É apenas só a minha opinião
  18.  # 20

    Colocado por: Ruipsm

    Sempre disse neste tópico que as medidas de contenção social, vão matar mais pessoas no mundo que o próprio vírus!
    É apenas só a minha opinião

    Mas isso é como na guerra e a política de não deixar nenhum homem para tras. São escolhas
 
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